Título: Aids nas classes altas
Autor: Menezes, Leilane
Fonte: Correio Braziliense, 03/12/2009, Cidades, p. 41

Diferentemente do que ocorre no restante do Brasil, onde os portadores do vírus HIV são de camadas mais pobres, em Brasília doença aumenta entre os abastados

Diva Castelo Branco: mesmo pessoas informadas não se previnem

Nos primeiros seis meses do ano, pelo menos 43 pessoas morreram em decorrência da Aids no DFl. No mesmo período, outras 77 receberam o diagnóstico de HIV positivo. A incidência da doença nas classes mais altas contraria a tendência nacional e intriga a Secretaria de Saúde. Os dados fazem parte de um levantamento parcial divulgado ontem pelo órgão. O Boletim Epidemiológico de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids de 2009 informa que desde 2003 os registros de Aids vêm caindo. Entre 2007 e 2008, no entanto, o coeficiente de mortalidade para cada 100 mil habitantes aumentou de 4,1 para 4,2. Houve 101 mortes em 2007 e, no ano seguinte, 107.

Ainda em 2007, 294 pessoas tiveram a enfermidade detectada em hospitais da cidade. Nos 12 meses seguintes, 248 receberam o resultado positivo para o teste de HIV. ¿A Aids não tem cura. Por isso os casos recentes são muito significativos¿, alerta a chefe da Gerência de DST/Aids da Secretaria de Saúde, Diva Castelo Branco.

Atualmente, existem 3.260 portadores de HIV em tratamento no DF. Desse total, 20% são originários do Entorno. Mas é em cidades de classe média e média alta que a proporção cresce. Os lugares onde a incidência média é mais alta para cada 100 mil habitantes são: Asa Norte, Cruzeiro, Guará, Asa Sul e Lago Norte. ¿No restante do Brasil, os pobres são mais afetados. Causa estranhamento que em Brasília as pessoas com mais acesso à saúde e informação não se previnam como deveriam¿, relata Diva.

De janeiro a 25 de junho deste ano, há maior frequência de novos casos nas faixas etárias de 30 a 34 anos (12 registros) e de 35 a 39 (15). ¿Essas pessoas descobriram acima dos 30, mas foram infectadas, provavelmente, na faixa dos 20 e poucos anos. Isso traça um perfil de jovens mais vulneráveis ao vírus¿, analisa Diva. O levantamento também separa os portadores de HIV por orientação sexual. Em 2008, no sexo masculino, 44% dos casos foram transmitidos em relações homo ou bissexuais e 34% em contatos heterossexuais. Entre as mulheres, a principal categoria de exposição é a heterossexual, correspondente a 80%. Desde 2007, o DF não registra casos de transmissão vertical, ou seja, quando a mãe passa o vírus para o filho.

Outras doenças

A secretaria recebeu notificação de 245 casos de sífilis adquirida este ano. O HPV também é preocupante: 890 novos diagnósticos. Em 2009, 19 crianças nasceram infectadas por esse mal. De acordo com o levantamento, a sífilis congênita, que ocorre em consequência da sífilis adquirida não tratada em gestantes, permanece como um sério problema de saúde pública no DF. A incidência indica falhas no Programa DST e no pré-natal.

A meta é manter a prevalência da sífilis congênita inferior a 1 caso por mil nascidos vivos. Esse número tem se mantido em 1,5 por mil nascidos vivos.

O número 3.260 Número de portadores do HIV em tratamento no DF. Desse total, apenas 20% são do Entorno