Título: O Dia D para o PT em Minas
Autor: Aranha, Patrícia
Fonte: Correio Braziliense, 06/12/2009, Política, p. 6

Candidatos que disputam o segundo turno resistem em apoiar nome do PMDB em 2010

Antes aliados, Fernando Pimentel e Patrus Ananias estão em campos opostos na disputa interna do partido

O PT mineiro escolhe hoje em eleição direta quem vai presidir o partido em Minas pelos próximos três anos e terá como primeira tarefa comandar as negociações sobre políticas de aliança na eleição do ano que vem. Os dois candidatos que disputam o segundo turno ¿ o presidente estadual, deputado federal Reginaldo Lopes, e o secretário nacional de comunicação do partido, Gleber Naime ¿ passaram a campanha defendendo a candidatura própria do PT na eleição para o governo do estado. Ambos garantem que, se eleitos, vão resistir à pressão da direção nacional da legenda por uma composição com o PMDB se ela significar abrir mão da cabeça de chapa.

Ontem foi dia de articulações dos dois lados, que evitaram cantar vitória antes da hora, já que a disputa está equilibrada e há expectativa de quorum menor do que no primeiro turno(1), quando foram apurados 47.480 votos. A desmobilização é provocada principalmente pelo fato de que, na grande maioria das 625 cidades onde há filiados aptos a votar, o presidente municipal foi eleito no primeiro turno.

O último evento da campanha de Gleber, com participação dos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Luiz Dulci (secretaria-geral da Presidência), foi esvaziado e começou com mais de duas horas de atraso. Os organizadores colocaram a culpa no mau tempo.

Palácio da Liberdade Apesar de respeitarem a pré-candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), ao governo de Minas, cada um dos candidatos a presidente tem seu preferido na disputa pelo Palácio da Liberdade. Gleber Naime é cabo eleitoral de Patrus Ananias (PT), e Reginaldo Lopes acredita que o melhor nome é o do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT).

O secretário nacional de Assuntos Institucionais do PT, Romênio Pereira, avalia que o presidente nacional eleito em primeiro turno, José Eduardo Dutra ¿ da mesma corrente de Reginaldo e Gleber, a Construindo um novo Brasil (CNB) ¿, já está trabalhando com a hipótese de ter dois palanques em Minas para a candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). ¿A presença de dois ministros ¿ Patrus e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) ¿ e de uma forte liderança nacional como Pimentel, na defesa da candidatura própria, já está sendo levada em conta. Vamos nos esforçar por coligação com o PMDB, mas, se não for possível, discutiremos os dois palanques¿, disse.

O tom da eleição interna, desde o primeiro turno, foi de antecipação do confronto entre Patrus e Pimentel. O ex-prefeito chegou a defender que o segundo turno fosse transformado numa espécie de prévias para escolha do candidato a governador. ¿O processo de eleição direta (PED) deve ser tomado como uma sinalização muito efetiva e, portanto, suficiente, do que é a vontade do partido em relação às pré-candidaturas, disse Pimentel. Mesmo negando a hipótese, Patrus não conseguiu desvincular os dois processos: ¿Para nós termos uma grande campanha em Minas, precisamos de um partido solidário com a nossa candidatura¿.

1 - 1º turno O ex-senador José Eduardo Dutra foi eleito presidente do PT com 57,9% ou 274.419 votos, desbancando o deputado José Eduardo Cardozo com 17,2%, 81.372 votos. Apesar da posse estar marcada para fevereiro do ano que vem, durante o congresso nacional do partido, Dutra já vem participando das negociações para a campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O presidente eleito defende que a pré-candidata petista aproveite toda a exposição do governo e se desvincule da pasta para se dedicar à eleição somente em abril e não em fevereiro, como querem setores da sigla.