Título: Trombada com PMDB
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Fonte: Correio Braziliense, 06/12/2009, Política, p. 7

A executiva nacional do PT se reúne amanhã, em Brasília, para avaliar os resultados nos quatro estados onde haverá segundo turno: Minas, Rio de Janeiro, Maranhão e Amapá. Além de Minas, a maior preocupação do comando é com o Rio, onde o Planalto aposta suas fichas na reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB). A campanha do candidato que defende o apoio do PT ao PMDB, deputado federal Luiz Sérgio, ganhou nos últimos dias o reforço do presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini, que desembarcou na capital fluminense para pedir votos. Do outro lado, Lourival Casula é apoiado pelo prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), pré-candidato ao governo.

No primeiro turno, Luiz Sérgio acabou em primeiro lugar, conquistando 39,79% dos votos, contra 25,30% de Casula. No segundo turno, o quarto colocado na disputa, Waldeck Carneiro ¿ que recebeu 9,26% dos votos válidos ¿, se aliou a Luiz Sérgio, enquanto Bismarck Alcântara ¿ que ficou em terceiro com 22,90% dos votos ¿ e o presidente da Câmara Municipal de Mesquita, André Taffarel (que amealhou 2,75%), declararam apoio a Casula.

Os petistas que defendem a candidatura própria não enfrentam apenas a pressão da direção nacional, que prefere se aliar ao PMDB. O ex-governador Anthony Garotinho (PR) é pré-candidato ao governo e já avisou que também fará campanha para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Logo depois do primeiro turno, o presidente nacional eleito, José Eduardo Dutra, declarou que vai insistir no apoio a Sérgio Cabral como o ¿caminho mais natural¿. O fantasma da intervenção não está afastado. Em 1998, o diretório estadual do partido sofreu intervenção da direção nacional para apoiar a candidatura de Garotinho.

Irritação Lindberg irritou ainda mais o Planalto ao comparar a situação do Rio à da Bahia, onde o ministro do Desenvolvimento Regional, Geddel Vieira Lima (PMDB), é pré-candidato ao governo, apesar de o PT estar engajado na campanha pela reeleição do governador Jaques Wagner. ¿Se Geddel pode ser candidato, por que não posso colocar meu nome?¿, perguntou o prefeito de Nova Iguaçu, que acredita que os tempos de intervenção no PT acabaram.

No Maranhão, o candidato apoiado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB), ficou em primeiro lugar no primeiro turno. O ex-presidente do Incra Raimundo Monteiro, da mesma chapa de Berzoini, a Construindo um novo Brasil, conseguiu 4,2 mil votos, e defende o apoio do partido à reeleição da governadora Roseana Sarney. Já Augusto Lobato, que ficou em segundo, com 3,1 mil votos, tem o apoio do atual presidente, deputado Domingos Dutra, e insiste na candidadura própria. Outra opção de Lobato, que se uniu aos outros dois candidatos derrotados no primeiro turno (Bira do Pindaré e Rodrigo Comerciário) e recebeu apoio dos outros, é o apoio à candidatura do deputado federal Flávio Dino (PCdoB).

No Amapá, a favorita é Nilza Amaral, da corrente Construindo um Novo Brasil, que enfrenta Joel Banha, apoiado por tendências de esquerda. A participação dos petistas no primeiro turno foi recorde. Foram às urnas em 22 de novembro 518.912 filiados, bem mais que os 326 mil do PED anterior, em 2007.