Título: Duelo de petistas
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: Correio Braziliense, 12/12/2009, Política, p. 13

Em um pleito marcado por denúncias de fraude, Reginaldo Lopes é eleito presidente regional do PT em Minas Gerais. Pano de fundo da disputa é a sucessão governamental

Com uma diferença de apenas 2.070 votos, o deputado federal Reginaldo Lopes foi reeleito ontem presidente do PT em Minas Gerais. A apuração final dos votos foi divulgada à noite, na sede do partido, e foi reconhecida pelo secretário Nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi, que viajou a Minas Gerais para acompanhar de perto o processo final de apuração e tentar apaziguar os ânimos entre os candidatos. No entanto, o clima de troca de acusações e suspeitas de fraudes que acentuaram a crise na legenda está longe do fim. Frateschi confirmou a ocorrência de fraudes ao dizer que foram canceladas pelo menos 10 atas com resultados eleitorais de cidades onde não houve eleição, a despeito do envio de fax à sede do PT em Belo Horizonte com resultados fictícios.

O secretário petista não quis dizer quem teria sido beneficiado pela tentativa de fraude e tentou minimizar o problema, classificando-o como resultado de um ¿aquecimento muito forte da disputa¿. O pano de fundo da disputa interna no PT é a sucessão ao governo estadual. Aliados de Reginaldo defendem o lançamento do nome do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, enquanto aliados de Gleber Naime preferem o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.

No fim da noite, Gleber, candidato derrotado, disse não reconhecer o resultado. Em nota, informou que aguarda a análise de aproximadamente 200 recursos apresentados à direção nacional do PT, principalmente aqueles referentes aos municípios onde Reginaldo obteve votação total. ¿Todos esses procedimentos e situações gravíssimas estabeleceram um clima de desconfiança. Só reconheceremos o resultado final após o dia 21, quando estará esgotado o prazo para análise dos recursos.¿ Durante o dia, um representante de cada chapa acompanhou de perto a finalização da apuração dos votos e a revisão dos dados. Embora Gleber tenha afirmado não reconhecer o resultado final, sua representante na apuração, Gleide Andrade, assinou um documento aceitando o resultado.

Candidato próprio Antes da divulgação dos números finais, o ministro Patrus Ananias disse que o resultado do processo de eleição direta (PED) no PT não modificaria sua intenção de se lançar candidato ao governo. Para ele, o balanço do processo mostra que existe ¿um equilíbrio nas forças políticas em Minas¿, em vez de uma ¿política hegemônica que imponha uma candidatura ao governo do estado¿.

À noite, Pimentel foi à sede do PT comemorar a reeleição de Reginaldo Lopes. Em resposta a Patrus, disse ser necessário reconhecer que ¿uma força foi vencedora¿. O ex-prefeito de Belo Horizonte disse que este é um momento para que ocorra uma reflexão política capaz de unificar a legenda em torno de seu nome. Aliados de Pimentel e de Patrus estão unidos em apenas um ponto: a certeza de que o PT deverá ter candidatura própria. Os petistas descartam a hipótese de ceder a cabeça de chapa ao ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), que sonha ser novamente candidato ao governo com o apoio do presidente Lula e um petista como vice.