Título: Enem pode ter estrutura própria
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Fonte: Correio Braziliense, 22/12/2009, Brasil, p. 12

Com a missão de recuperar a desgastada imagem do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o ex-diretor do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) Joaquim José Soares Neto foi apresentado ontem pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, como o novo presidente do órgão. Neto assume o lugar de Reynaldo Teixeira, que na última sexta-feira anunciou sua saída, alegando que precisava preservar a imagem do instituto, alvo de severas críticas desde o furto da prova do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Durante a apresentação, Haddad disse que a escolha do novo nome estava diretamente ligada ao fato de José Soares Neto acompanhar o trabalho do Inep há 11 anos e saber lidar com avaliações, já que presidiu o Cespe. O ministro destacou ainda que, assim como ele, Neto tem grande admiração por Reynaldo Teixeira que ¿realizou um grande legado no Inep nos últimos quatro anos¿ ¿ repetindo o discurso que havia feito na sexta-feira, quando do pedido de demissão do ex-presidente.

O novo titular do Inep destacou as conquistas do instituto nos últimos anos, como a Prova Brasil e o Enem, e afirmou que, em sua gestão, esses pontos serão amadurecidos. E defendeu ainda que o Estado precisa de uma estrutura própria para aplicar o Enem, considerado por ele a maior avaliação pública do país.

¿Está muito clara a importância de um exame desse porte, para 4 milhões de pessoas. Então, você precisa de uma estrutura logística e profissional, que leve em consideração o investimento, a distribuição e a segurança¿, disse o professor, que destacou ainda que o próximo exame será realizado nos moldes do Enem 2009, realizado em 5 e 6 de dezembro. ¿A inteligência da polícia é fundamental para a segurança. E o trabalho dos Correios, especializados nessa logística de distribuição, funcionou fantasticamente. Eles realizaram 3 mil rotas de distribuição, de um ponto ao outro do país¿, elogiou.

Em relação à falta de segurança, Neto destacou que isso não aconteceu apenas no Enem. Segundo ele, os concursos públicos também vêm sofrendo várias ocorrências de fraudes. Por isso, ele defendeu ainda um processo licitatório que não leve em conta apenas o preço.

¿Você coloca uma instituição que cobra um preço lá embaixo, mas não tem estrutura nenhuma. E, por isso, acaba economizando, por exemplo, na segurança. Isso não pode acontecer. Então nós temos que reforçar a questão da segurança, e tem custo que precisa estar dentro da estrutura técnica¿, completou o novo diretor.