Título: Reconstrução vai demorar
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Fonte: Correio Braziliense, 07/01/2010, Brasil, p. 9

Estimativa para reerguer ponte que desabou no Sul é de até nove meses. Parte que ficou de pé será demolida antes do início das obras

A ponte sobre o Rio Jacuí, em Agudo (RS), que desabou com trinta pessoas: para que qualquer obra seja iniciada, o nível das águas tem de voltar ao normal

O diretor do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) Vicente Britto Pereira disse ontem que a reconstrução da ponte que desabou com cerca de 30 pessoas, sobre o Rio Jacuí, no Rio Grande do Sul, deve demorar até nove meses. Ele explicou que a parte restante da ponte ficou muito danificada e terá de ser demolida antes da reconstrução. Como a estimativa dos técnicos é de que leve de seis a nove meses para que a nova ponte seja concluída, a alternativa será a construção de uma ponte móvel, erguida com a ajuda do Exército. Mas até isso deve demorar: para qualquer construção na região, o nível do rio Jacuí tem de voltar ao normal.

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, ressaltou à Rádio Gaúcha que pediu urgência ao Daer na reconstrução da ponte. Técnicos do órgão já estão no local para avaliar a situação. O diretor-geral do Daer descartou que problemas estruturais tenham contribuído para a queda. Pereira afirmou que a estrutura passou por inspeção há três anos e vistorias visuais eram realizadas constantemente. Técnicos do departamento informaram a Pereira que a força da água pode ter corroído a base dos pilares.

O major Jarbas de Ávila, do Grupamento de Busca e Salvamento, informou que mais uma embarcação deve se juntar aos dois botes e dois barcos que realizam as buscas na região, ainda em busca dos desaparecidos. ¿Já houve casos em que os corpos se afastaram nove, dez, 15 quilômetros, mas o normal é que o corpo não se afaste muito¿, disse o major.

Paraná

Uma nova frente fria está chegando ao Rio Grande do Sul, o que aumenta a instabilidade em toda a Região Sul. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, no Paraná, as temperaturas continuam elevadas. O meteorologista Tarcisio Valentin explicou que esse aquecimento e a presença de ar úmido mantêm elevada a instabilidade, o que deve provocar chuvas nas próximas horas em todo o estado. A previsão é de grande volume de chuva, granizo e ventos intensos.

O nível do Rio Paraná estava ontem quatro metros acima do normal, devido às fortes chuvas dos últimos dias. Segundo o sargento do Corpo de Bombeiros de Paranavaí Marco Antonio da Silva, as chuvas intensas no Sudeste aumentaram ainda mais a vazão desse rio e do Paranapanema. Moradores ribeirinhos dos municípios de Marilena, São Pedro do Paraná, Porto Rico e Icaraíma tiveram que deixar suas casas.

Já houve casos em que os corpos se afastaram nove, dez, 15 quilômetros, mas o normal é que o corpo não se afaste muito

Jarbas de Ávila, major do Grupamento de Busca e Salvamento

Operação em Angra

O número de casas que provavelmente terão de ser demolidas em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio, deve ultrapassar o número de 3 mil, segundo informou ontem a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos. ¿Mas a quantidade exata só pode ser definida depois de um mapeamento da área¿, destacou. Marilene sobrevoou alguns pontos do município e constatou: ¿Só as ações imediatas de demolições não serão suficientes. Mas existem também ações de longo prazo¿.

Marilene Ramos disse ainda que o decreto nº 41.921 da Área de Proteção Ambiental de Tamoios, que flexibiliza as regras de construção na região, está suspenso. O decreto é o mesmo assinado em junho pelo governador Sérgio Cabral e que provocou a indignação de diversas entidades públicas e ambientalistas. ¿Esse decreto não tem nenhuma interferência com a questão do risco de ocupação. Mas, em razão da polêmica, os efeitos desse decreto estão suspensos¿, afirmou.

Na cidade de Angra, a prefeitura decidiu instalar sirenes no alto dos morros da cidade para informar a população sobre o nível elevado de chuvas. Segundo o prefeito Tuca Jordão, serão colocados na parte superior das encostas pluviômetros eletrônicos que estarão ligados a sirenes, para alertar a população quando o nível de chuvas atingir um ponto crítico.