Título: Esforço só para Minas
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: Correio Braziliense, 12/01/2010, Política, p. 5

Em almoço com os caciques do PSDB, Aécio Neves avisa que se dedicará à eleição do vice Anastasia ao governo e à sua candidatura ao Senado. Mais uma vez descartou a possibilidade de compor chapa com Serra

Entre FHC e Sérgio Guerra, Aécio Neves avisou que deixará o governo mineiro no fim de março

O governador Aécio Neves (PSDB) avisou ontem à cúpula tucana que vai concentrar todos os seus esforços nos próximos meses na tentativa de eleger o vice-governador Antônio Augusto Anastasia seu sucessor no governo do estado e trabalhar por sua candidatura ao Senado. A reafirmação de que voltará as baterias para Minas ocorreu durante um almoço em São Paulo, que contou com a presença do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e do senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente nacional da legenda.

A capacidade de projeção do PSDB nos estados nas eleições de 2010 era a principal pauta do encontro, mas o mais provável candidato do partido à sucessão presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não compareceu. Segundo Guerra, o governador ¿tem estado ocupado com problemas decorrentes das inundações¿. Um dos maiores entusiastas da chapa puro-sangue do PSDB, que eventualmente traria o nome de Aécio como vice-candidato à Presidência, FHC ouviu mais uma vez o governador mineiro dizer que não cogita essa possibilidade, por isso manterá seu plano de disputar uma vaga ao Senado por Minas.

Nas próximas semanas, o PSDB inicia a costura política para conseguir projeção nos três estados onde os tucanos avaliam que falta uma candidatura: Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro. Em Minas, Aécio arregaça as mangas a partir da semana que vem, quando planeja iniciar uma agenda conjunta de inaugurações com o seu candidato ao governo, Antônio Anastasia. Aécio pretende sair do cargo no fim de março, dentro do prazo exigido pela Justiça Eleitoral. Isso lhe permitirá se dedicar ainda mais à campanha. Mesmo candidato, Anastasia assumirá o governo em seu lugar até 31 de dezembro.

Para o presidente do PSDB em Minas, o deputado federal Nárcio Rodrigues, Anastasia terá a chance de ser conhecido. ¿A partir do fim de março, ele vai ser o governador de Minas. Onde for, será a autoridade mais importante do estado. Acompanhado do Aécio, maior liderança política de Minas, é uma soma que multiplica votos¿, afirmou Nárcio. A exemplo do PT no plano nacional, o PSDB terá como desafio conseguir equacionar o principal desafio do sistema eleitoral desde a aprovação da emenda da reeleição: conseguir separar as atividades de governo das atividades de campanha.

Desimcompatibilizar

Em café da manhã ontem com Anastasia, Nárcio Rodrigues disse que o vice-governador está disposto a focar seu trabalho na administração do estado, deixando a linha de frente da costura política para os principais representantes do partido. ¿Quem participar da campanha vai ter que sair do governo¿, disse Nárcio. Os novos passos da estratégia eleitoral serão discutidos ainda esta semana, em um encontro que reunirá articuladores políticos como Nárcio; o secretário-geral do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro; o secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana; e o secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro.

Para as lideranças tucanas, ainda é cedo para definir alianças e um possível nome para a vice-candidatura ao governo. Mas, um núcleo nomeado pelo partido iniciará as conversas com representantes dos 13 partidos que constituem a base aliada na Assembleia Legislativa. O sonho de consumo dos tucanos é conseguir atrair um partido que hoje se encontra no campo oposto no jogo sucessório de 2010, mas que é capaz de garantir votos e tempo de televisão: o PMDB. Se nos últimos pleitos foi difícil discutir um projeto comum por causa da supremacia do grupo ligado ao ex-governador Newton Cardoso no partido, este quadro ficou diferente com a eleição recente do grupo de oposição a Cardoso na disputa interna do PMDB.