Título: Seis em cada dez eleitores já definiram seu candidato a prefeito
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 23/09/2008, Política, p. A6

A maioria dos eleitores diz estar interessada na eleição municipal, define seu voto a partir da imagem de bom administrador de seu candidato e tem como maior expectativa em relação ao eleito a execução de serviços públicos. Foi este o panorama do eleitorado nacional trazido pela 93ª Pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem.

Segundo a pesquisa, 59,8% dos eleitores já definiram o voto de 5 de outubro. Os atuais prefeitos têm chance de receber o voto de 46,6% dos eleitores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou ao mais alto índice de aprovação da série histórica da pesquisa - 68,8% - tem capacidade de transferência de voto para seus candidatos a prefeito maior que a dos governadores de Estado. Enquanto 15,5% dos eleitores votariam exclusivamente no candidato apoiado por Lula, 9,9% o fariam em candidatos apoiados pelos governadores de seus Estados. Mais da metade dos eleitores define seu voto a partir dos debates e do programa eleitoral no rádio e na TV.

Nas simulações para a eleição presidencial, o governador tucano tucano José Serra (SP) lidera as intenções de voto em todas as listas estimuladas nas quais é apresentado como candidato, para primeiro e segundo turnos.

Serra só perde (e para o próprio Lula) na lista espontânea, quando o Sensus, sem sugerir nomes, pergunta ao entrevistado em quem votaria para presidente se as eleições fossem hoje. Lula ganha (23,4%) e o tucano é o segundo mais lembrado (6,7%).

O governador paulista ganha em todas as simulações de primeiro turno, com índices que variam de 37,9% a 45,7%.

O governador tucano Aécio Neves (MG) não tem o mesmo desempenho. Fica em segundo lugar em duas das três listas estimuladas para o primeiro turno em que aparece.

O favoritismo de Serra pode ser ameaçado com a aproximação do processo sucessório, caso se confirme o potencial de transferência de voto de Lula, registrado pelo Sensus agora para as eleições municipais: 15,5% dos entrevistados dizem que só votariam no candidato a prefeito apoiado pelo presidente.

O índice é alto. Segundo o diretor do Sensus, Ricardo Guedes, historicamente os presidentes transferem cerca de 10% de votos. No caso de Lula, outros 28,6% dos entrevistados admitem que "poderiam votar" no nome indicado por ele para prefeito. Isso significa um potencial de transferência que pode chegar a 44,1%.

"O presidente Lula é o maior cabo eleitoral do país, tem uma força enorme de transferência de votos, mas o candidato tem que ser politicamente palatável", disse Guedes, afirmando que o mesmo raciocínio vale para a sucessão presidencial.

O índice de aprovação do governo (68,8%) é recorde desde 1998, início das pesquisas do Sensus para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A aprovação pessoal de Lula só é menor que a obtida por ele no início do primeiro mandato, em janeiro de 2003 (83,6%).

As razões, segundo Guedes, são os "bons números da economia e os resultados obtidos pelos programas sociais do governo". Isso, embora 81,1% digam que os preços subiram em 2008. Na rodada anterior, eram 67,7%.

O instituto perguntou pela primeira vez se a qualidade de vida da família do entrevistado melhorou nos últimos quatro anos. A resposta reflete a satisfação da população com o governo: 61,5% dizem que sim, 11,6% acham que piorou e 25,8%, que ficou igual.

"Segundo a experiência americana, quando a aprovação é maior que 50%, a tendência é o presidente se eleger ou fazer seu sucessor. Pode ser um bom referencial para o caso brasileiro", avalia o diretor do Sensus.

Entre os petistas apresentados como candidatos a presidente, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem o melhor desempenho. É a única que aparece na lista espontânea, além de Lula. A ministra é citada em quarto lugar (1,9%) atrás de Lula, Serra e Aécio Neves (3,3%) e à frente de Heloísa Helena (1,5%), do deputado federal pelo PSB do Ceará Ciro Gomes (1,4%) e do ex-governador paulista do PSDB Geraldo Alckmin (1,4%).

Nas listas estimuladas, Dilma recebe, nas simulações para o primeiro turno, no mínimo 8,4% -contra Serra, Ciro e a ex-senadora Heloísa Helena (P-SOL) - e no máximo 12,3% (contra Aécio e Heloísa. Os outros presidenciáveis do PT recebem no máximo 4% dos votos (o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias) e 8,8% (a ex-prefeita Marta Suplicy).

A ministra cresce em relação à pesquisa anterior, realizada em abril de 2008. Na rodada anterior, ela recebia no máximo 7%.

Melhorou o índice de avaliação (52,32% para 54,32%) dos últimos seis meses em relação a emprego, renda mensal, saúde, educação e segurança pública. Também houve melhora da expectativa para os próximos seis meses, em relação às mesmas variáveis (de 70,23% para 73,82%).