Título: Amorim ainda acha possível reativar Doha
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Fonte: Valor Econômico, 24/09/2008, Brasil, p. A4

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que tem esperança de que as negociações da Rodada Doha sejam retomadas em breve. "O tempo está curto, mas se houver determinação, se as pessoas estiverem dispostas a encontrar soluções e não buscar pretextos para não encontrar soluções, eu acho que é possível", avaliou Amorim.

"Há uma perspectiva, mas as coisas não estão fáceis ainda, pois sempre surgem dificuldades. O Pascal Lamy (diretor-geral da Organização Mundial de Comércio) me ligou, eu falei com o ministro da Índia para encontrarmos uma solução, pois nós todos queremos encontrar uma solução para o problema da Índia, mas uma solução que permita resolver a Rodada", disse. Segundo o ministro, a delegação da Índia vai se reunir para analisar as propostas feitas na última semana.

O chanceler considerou positivo o fato de o presidente dos Estados Unidos, George Bush, ter feito referência ao assunto durante discurso na abertura dos debates na Organização das Nações Unidas (ONU). "Ele não está dando a Rodada Doha como morta, ao contrário de muita gente", disse Amorim.

O ministro afirmou também que a discussão sobre a entrada do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas poderá ter avanços ainda este ano. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou do assunto hoje com o presidente da 63ª Sessão da Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas, Miguel D"Escorto. O ministro disse que a decisão da Assembléia-Geral de negociar a reforma do conselho representa um avanço.

"Às vezes é preciso que haja um fato que catalise e que leve a todos a percepção da urgência. Mas houve uma evolução muito importante. Em 15 anos, foi a primeira vez em que há essa decisão de negociar", disse Amorim.

O chanceler informou que Lula falou hoje com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a necessidade de o órgão estar mais presente na discussão sobre a crise financeira mundial.

O ministro criticou a reativação da Quarta Frota da Marinha Americana. Ele disse que o assunto não foi abordado na segunda-feira na reunião que teve com a secretária-geral de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, mas que considera a atitude um erro sob o ponto de vista político. "A percepção não é positiva, pois trata a América Latina e a América do Sul como áreas de crise, coisa que não são", disse. (Agências noticiosas)