Título: Brasil exporta apenas para emergentes
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 24/09/2008, Empresas, p. B9

O fato de o Brasil ser o único país do mundo onde a Volkswagen desenvolveu a produção de caminhões costuma aguçar a curiosidade da imprensa mundial. No primeiro dia de apresentação do salão de Hannover, ontem, alguns jornalistas voltaram a questionar os executivos da empresa sobre a possibilidade de extensão dessa atividade a outro mercados. Ou mesmo de exportar os produtos brasileiros para a Europa.

A Volks Caminhões tem planos de ampliar exportações a partir do Brasil e também aumentar o número de fábricas que fazem a montagem dos veículos com peças enviadas pela fábrica brasileira, como é o caso da África do Sul.

Mas no mapa de expansão mundial dos caminhões Volks aparecem África, Índia e China. Europa Ocidental e outras regiões do Primeiro Mundo estão fora. O Brasil atraiu muitos fabricantes e se especializou na produção de caminhões e ônibus. Mas, na média, esses veículos não atendem aos padrões de exigência dos mercados desenvolvidos. Principalmente no que se refere às emissões de poluentes.

Os jornalistas europeus só conseguem entender melhor essa situação quando questionam o nível de emissões dos motores dos caminhões fabricados no Brasil. A distância dos padrões encerra a conversa. Em 2009, a Volks começará a produzir uma picape com capacidade para uma tonelada na fábrica da Argentina. O veículo argentino será vendido na América Latina e África do Sul. Modelo igual será produzido na Europa em 2010. A diferença será o motor. Sem revelar as características, o presidente mundial da divisão de veículos comerciais da Volks, Stephan Schaller, diz que o motor da picape para a Europa será "ultra-moderno e com consumo reduzido" que passa por desenvolvimento.

Segundo os executivos, a diferença entre as futuras tecnologias de motorização, que distanciam os caminhões brasileiros dos europeus, não se sustenta apenas na questão econômica, mas também na disponibilidade energética. O presidente da divisão de caminhões da Volkswagen, Roberto Cortes, diz que no Brasil, a futura fonte alternativa de energia desses veículos deverá ser o biodiesel. (MO)