Título: Recursos para compensar escassez de crédito externo
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2008, Finanças, p. C7

O governo reafirmou, ontem, a empresários que irá garantir os recursos necessários para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possa financiar as obras de infra-estrutura no país e compensar a escassez de crédito internacional.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, que esteve reunido com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é preciso garantir que o desembolso dos R$ 85 bilhões previstos no orçamento do banco estatal não sejam interrompidos. "O que nos foi colocado é que o governo vai se mobilizar e estará atento para impedir qualquer interrupção nesse programa de investimentos", disse Godoy.

O empresário afirmou que Mantega garantiu que "não faltará recursos para o BNDES. O próprio Tesouro está fazendo aportes com fontes diferentes, mecanismos diferentes, mas vai estabelecer uma linha de apoio às ações do BNDES para que não haja essa interrupção".

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o banco de fomento conta com dinheiro suficiente para fazer face à escassez de crédito internacional até a primeira metade de 2009.

Além da ajuda do BNDES, Godoy explicou que será necessário criar mecanismos adicionais para financiar as empresas brasileiras do setor, que não estão conseguindo obter crédito externo para seus projetos. Entre essas propostas estão fundos de investimento em participações de projetos na área, inclusive com dinheiro do FGTS.

Apesar de afirmar que não será necessário "enxugar" o programa de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente da Abdib disse que será necessário, daqui em diante, fazer uma seleção dos projetos mais importantes para o país. "Se você for procurar um financiamento externo hoje, não tem. Isso vai ser restabelecido, mas com restrição. Vamos ter de escolher melhor os projetos".

Godoy afirmou também que espera a manutenção da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) da próxima semana. A taxa está hoje em 6,5% ao ano, ante 13,75% ao ano da Selic.