Título: Índia culpa o Brasil por fiasco no G-7
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2008, Brasil, p. A3

O ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath, mandou carta ao diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, na qual rejeita as críticas de que seu país teria causado o fiasco da última tentativa de reanimar a Rodada Doha e sugere que outros contribuíram para isso, incluindo o Brasil.

Na carta, enviada quarta-feira, à qual o Valor teve acesso, Nath dá uma versão detalhada de seus negociadores sobre o que ocorreu nas reuniões do G-7 (Brasil, EUA, União Européia, China, Índia, Japão e Austrália), semana passada em Genebra, quando a idéia era negociar até obter um esboço de acordo agrícola.

Relata que também China e EUA não aceitaram propostas sobre o polêmico mecanismo de salvaguarda especial, para que países em desenvolvimento pudessem frear súbita elevação de importações. Conta que a negociação também ficou "inconclusiva", com o Brasil indicando que só examinaria a criação de mais cotas agrícolas pelos importadores, reduzindo a liberalização, se obtivesse volume substancial para exportações de etanol nos EUA e UE. Quanto à UE, diz Nath, deixou claro que resistiria à simplificação de tarifas.

Nath queixa-se de que, quando a UE fez uma última proposta sobre o mecanismo de salvaguarda especial na agricultura, advertiu, junto com o Brasil e a Austrália, que era "pegar ou largar". No ultimo dia da reunião, foi a vez da China também dizer que tinha "sérias objeções" à proposta. A versão de Nath era contestada ontem por diferentes fontes que tiveram acesso aos relatos da reunião do G-7.