Título: Crise deve afetar balança em 2009, diz Ipea
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2008, Brasil, p. A6

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que a crise americana não terá impactos significativos sobre o crescimento da economia brasileira neste ano. De acordo com o coordenador da "Carta de Conjuntura" do instituto, Marcelo Nonnenberg, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2008 deve ficar próximo da projeção divulgada em março pelo organismo, de 5,2%.

"É possível que a economia cresça mais e que o teto seja furado. Nossas previsões não foram refeitas, mas não ficaremos tristes se o teto for furado", afirmou.

O economista responsável pela análise do nível de atividade econômica, Leonardo Mello, ressaltou que um crescimento zero nos dois últimos trimestres do ano garantiria um avanço de 4,7% no PIB em 2008, enquanto uma desaceleração do ritmo para um crescimento de 0,5% em cada trimestre significaria crescimento econômico de 5,1% no ano.

Nonnenberg disse que o maior impacto da crise americana deve ocorrer sobre o fluxo comercial brasileiro, via queda dos preços das commodities. Para ele, as exportações brasileiras devem sofrer influência mais forte, mas apenas no ano que vem. "A desaceleração da economia mundial é cada vez mais previsível e nossas exportações sofrerão impacto", afirmou.

"Quando as exportações crescem como cresceram no dois últimos anos, estimuladas basicamente pela elevação dos preços, e os preços das commodities estão em queda no mercado internacional, a gente deve esperar, nos próximos meses, que a redução desses preços internacionais atinjam nossas exportações e elas comecem a cair", afirmou Nonnenberg.

O economista prevê ainda uma redução nos investimentos estrangeiros no país, mas analisa que isso não deverá ocorrer sobre investimentos já em andamento. "Não acredito que os investimentos em curso serão reduzidos. O nível de utilização da capacidade instalada é alta, o que motiva os empresários a continuar os investimentos já feitos", explicou. (Com Agência Brasil, do Rio)