Título: Com aprovação de 80%, Lula só define voto de 8%
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2008, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu mais um recorde de aprovação pessoal segundo pesquisa Ibope realizada para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada ontem: 80%, oito pontos percentuais maior que o índice registrado na rodada de junho (72%).

O governo, por sua vez, tem aprovação de 69%, soma dos que o consideram "ótimo" e "bom". O crescimento foi de 11 pontos percentuais. Analisando a série de pesquisas CNI/Ibope desde o seu início, em 1982, a aprovação da gestão do petista só é inferior à obtida pelo governo José Sarney (1985-1990) em setembro de 1986, quando lançou o Plano Cruzado (72%).

O Ibope realizou 2.002 entrevistas em 141 municípios, entre os dias 19 e 22 de setembro. A enquete mostra que, até então, 33% dos eleitores não haviam decidido em quem votariam para prefeito nas eleições de domingo: 13% disseram que só irão definir o voto nesta última semana da campanha e 17%, somente no dia da eleição. Outros 3% responderam apenas não saber em quem votar.

A CNI/Ibope aponta crescente otimismo com a situação econômica do país. Até a realização da pesquisa, o ânimo do brasileiro não havia sido abalado pela crise internacional. Para 84% dos entrevistados, 2008 está sendo um ano "muito bom" ou "bom". Em junho, eram 80%.

Na rodada anterior, 65% dos entrevistados previam que a inflação iria aumentar nos próximos seis meses. Agora, são 55% - redução de dez pontos percentuais dos mais pessimistas. Também era maior o percentual de brasileiros que acreditavam no aumento do desemprego (caiu de 52% para 40%).

O governo Lula alcançou a nota média mais alta, na série histórica da pesquisa: 7,4 (recebeu 7,0 em junho). Quando o governo é avaliado por áreas específicas, aumento a aprovação em todos os itens: combate à fome e à pobreza (passou de 59% para 67%), inflação (41% para 52%) e desemprego (52% para 60%) e políticas para o meio ambiente (53% para 59%), a saúde (46% para 54%) e educação (59% para 63%).

A aprovação do governo cresce mesmo quando o índice de desaprovação ainda é maior. É o caso da segurança pública (aprovação aumentou para 46%, mas a desaprovação é de 50%), taxa de juros (36% aprovam, sendo que 55% desaprovam) e impostos (aprovação cresceu para 38%, mas 56% ainda rejeitam).

O governo é mais bem avaliado nas faixas de menor escolaridade e renda, no Nordeste e nas cidades com população de 20 mil a 100 mil habitantes. No Nordeste, a aprovação do presidente chega a 92%.

Apesar disso, o apoio de Lula a um candidato recebeu apenas 8% das menções dos entrevistados, quando perguntados sobre motivações para o voto. O que mais influencia são as propostas do candidato (54%), experiência política e administrativa (42%) e qualidades pessoais (31%).

O apoio de Lula aparece em 7º lugar, empatado com a opinião dos amigos e parentes. O apoio do governador tem 6% das menções. Entre as qualidades de um prefeito, as mais citadas são honestidade competência , conhecimento dos problemas do município. Cumprir o que promete e ter experiência vêm depois . Dos 63% dos eleitores com candidatos já escolhidos até o dia 22 de setembro, 52% disseram ter tomado a decisão antes do início da propaganda eleitoral gratuita. Os outros 11% escolheram depois.