Título: Franca recuperação
Autor: Pires, Luciano
Fonte: Correio Braziliense, 13/01/2010, Economia, p. 9

Emprego industrial registra crescimento recorde no Brasil, mas ainda não voltou ao nível anterior ao da crise econômica mundial, mostram números divulgados pelo IBGE

Os estragos provocados pela crise econômica mundial ainda não foram totalmente absorvidos, mas o emprego na indústria surpreendeu em novembro. Na quinta alta consecutiva, o setor fabril ampliou o nível de ocupação em 1,1% comparado a outubro, conforme levantamento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é recorde: desde 2001, quando teve início a série histórica, não se via fôlego semelhante. Os sinais de recuperação são claros e abrangem quase todos os segmentos industriais. A manter esse ritmo, em quatro ou cinco meses o passivo de demissões acumulado ao longo dos últimos dois anos estará zerado.

Entre setembro de 2008 (começo do agravamento das turbulências no Brasil e no exterior) e junho de 2009, as contratações na indústria amargaram desempenho negativo. A soma mês a mês chega a -7,5%. A partir de julho do ano passado, no entanto, as empresas experimentaram uma retomada gradual, batendo em 2,7% no penúltimo mês de 2009. Tirar essa diferença não será simples, mas os representantes do setor estão confiantes. ¿O mercado de trabalho reage em menor velocidade, é natural. O importante é que as perspectivas para 2010 são positivas¿, diz Flávio Castelo Branco, gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Mantido o cenário ¿ ainda que lento ¿ de retomada, boa parte das fábricas têm tudo para ostentar ganhos líquidos de admissões antes mesmo do fim do primeiro semestre. Não fosse o câmbio, adverte Castelo Branco, essa ascensão poderia ocorrer antes. ¿A competição fica prejudicada com a taxa nos níveis atuais. E isso não vale só para os segmentos exportadores. As indústrias que produzem para o mercado interno também sofrem¿, explica.

Em novembro, de acordo com o IBGE, a elevação do emprego foi mais percebida onde houve ganho de produção. Destaque para as indústrias de veículos automotores, máquinas e equipamentos e eletroeletrônicos. O levantamento de horas pagas registrou alta de 0,9% em relação a outubro, enquanto que a folha de pagamento real caiu 0,8%. No confronto entre novembro de 2009 com o mesmo mês de 2008, o nível de ocupação recuou 4,1%. Movimento semelhante ocorreu nas séries de horas pagas e salários.

Para Fernando Abritta, economista da coordenação da Indústria do IBGE, a indústria ainda não contratou todos os empregados que demitiu durante a crise internacional. O crescimento ainda do nível de ocupação também não é suficiente para reverter a queda ocorrida durante o período crítico, mas nem por isso o cenário é de desalento. ¿As empresas estão contratando e a expectativa é que esse movimento continue¿, prevê. Segundo ele, no Brasil, essa retomada vem se consolidando a cada período, embora uma parte da recuperação esteja vinculada ao cenário externo.

Euforia O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) classificou o resultado de novembro como ¿excepcional¿. De acordo com a entidade, os dados permitem que a sociedade e as indústrias tenham uma visão ¿muito mais precisa¿ do impacto da crise. ¿O retrocesso ao qual o emprego industrial foi submetido devido à recessão causada pela crise internacional é digno de registro, embora não se deva deixar de sublinhar o fato de que agora, graças à aceleração de novas contratações por parte do setor, existam boas perspectivas que apontam para uma superação desse quadro em um período menor do que o imaginado no primeiro semestre de 2009¿, reforçou o Iedi em comunicado oficial.

Embraer surpreende em 2009

A Embraer entregou 244 aviões em 2009, número quase 20% acima do ano anterior e inédito para a fabricante de aeronaves. O resultado ¿ que também superou levemente a meta da companhia¿ teve impulso do jato executivo Phenom 100. Apenas no quarto trimestre, a empresa entregou 91 aeronaves, acima das 59 dos últimos três meses de 2008, ano em que a Embraer havia despachado 204 aviões aos clientes ¿ até então seu melhor desempenho já registrado. No fim de outubro, quando divulgou seu resultado do terceiro trimestre, a Embraer informou que previa entregar cerca de 232 aviões em 2009, mas que esse era o piso de um intervalo até 242 unidades.

Das entregas realizadas no quarto trimestre do ano passado, 61 unidades foram do segmento de aviação executiva, no qual o recente e pequeno modelo Phenom 100 registrou 52 entregas. No ano passado inteiro, foram 115 jatos executivos, sendo 93 unidades do Phenom 100, 18 aviões Legacy 600, três Lineage 1000 e um do modelo Phenom 300. Na aviação comercial, a fabricante entregou 26 jatos no quarto trimestre, atingindo total de 122 no ano. O modelo mais enviado a clientes da empresa nesse segmento foi o Embraer 190, de 100 assentos, com entregas de 12 unidades no quarto trimestre, totalizando 62 aeronaves em 2009. Na área de Defesa, foram quatro entregas entre outubro e dezembro de 2009, totalizando sete no ano inteiro.

Demanda A companhia encerrou dezembro com uma carteira de pedidos firmes de US$ 16,6 bilhões, confirmando um ano de fraca demanda, em que a empresa passou produzindo as encomendas fechadas em exercícios anteriores. No fim de 2008, a carteira de pedidos firmes da Embraer estava em US$ 20,9 bilhões de dólares. Na aviação comercial, a fabricante terminou o ano com pedidos firmes em carteira de 265 aviões e opções de 722 unidades.