Título: Associação das indústrias vai monitorar qualidade do longa vida no Brasil
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2008, Agronegócios, p. B11

Depois de ter suas vendas afetadas pela operação Ouro Branco, que descobriu leite cru adulterado em cooperativas mineiras no fim do ano passado, o setor de leite longa vida do país resolveu acelerar um programa de monitoramento da qualidade do produto final. O programa, que já está em vigor, vai monitorar 70 marcas de leite longa vida em todo país, trimestralmente, explicou Nilson Muniz, diretor-executivo da da Indústria do Leite Longa Vida (ABLV). Segundo ele, a associação "já vinha fazendo uma fotografia do setor, e o episódio de 2007[denúncia de fraudes] acelerou a implantanção do programa".

A ABLV contratou uma empresa que fará a coleta das amostras das marcas de leite longa vida nos pontos-de-venda, e essas amostras serão analisadas em "laboratórios reconhecidos". Ele não divulgou o nome das empresas contratadas. O objetivo das análises é avaliar se as empresas de longa vida estão cumprindo a legislação brasileira quanto à qualidade do produto.

Pelo menos quatro vezes por ano, serão testadas amostras das 70 marcas para verificar itens como quantidade de gorduras, proteínas, acidez e índice crióspico, segundo Muniz. Ele explicou que as marcas que estiveram fora do padrão vão passar por nova análise por três meses seguidos. Serão coletadas quatro amostras de cada marca para que, se necessário, sejam feitas contraprovas, informou.

As empresas donas de marcas fora dos padrões serão advertidas e caso não sigam a legislação terão os resultados das análises dos seus produtos encaminhados ao Ministério da Agricultura, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao Ministério Público, à Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e às suas associadas e fornecedores. Caso sejam associadas da ABLV - hoje são 32 - serão excluídas do quadro da entidade.

A descoberta de fraude no leite cru por cooperativas mineiras levou as vendas do setor de longa vida a se estagnarem em 5 bilhões de litros de leite no ano passado. "Acreditávamos em crescimento de 3% no ano", disse Muniz. Com a iniciativa de monitorar o leite - o que deve custar R$ 200 mil a R$ 250 mil por ano - a associação quer garantir transparência ao público consumidor e evitar situações como a do fim de 2007, quando as vendas de leite longa vida foram afetadas de forma que considera injustificada.