Título: Fed e bancos centrais articulam ajuda extra
Autor: Hilsenrath, Jon; Solomon, Deborah
Fonte: Valor Econômico, 30/09/2008, Finanças, p. C1

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vai injetar mais US$ 630 bilhões no sistema financeiro mundial, atulhando os bancos com recursos para atenuar a pior crise do setor bancário desde a Grande Depressão, iniciada em 1929.

Bancos centrais de várias partes do mundo também anunciaram ontem novas medidas, coordenadas com o esforço do Fed, para combater a crise de crédito e reforçar a liquidez do dólar.

O Fed aumentou seus swaps cambiais em vigor junto aos bancos centrais estrangeiros para US$ 620 bilhões, comparativamente aos US$ 290 bilhões anteriores, para disponibilizar mais dólares no mundo inteiro.

A Linha de Crédito por Leilão a Termo, o programa de empréstimos emergenciais do Fed, vai aumentar de US$ 150 bilhões para US$ 450 bilhões. O Banco Central Europeu (BCE), o Banco da Inglaterra (o BC britânico) e o Banco do Japão, seu congênere japonês, estão entre as autoridades participantes.

A expansão de liquidez promovida pelo Fed, a maior desde o início da crise dos mercados de crédito, no ano passado, ocorre num momento em que o Congresso dos Estados Unidos se prepara para votar a operação de socorro, no valor de US$ 700 bilhões, ao setor financeiro.

A crise está repercutindo por toda a economia mundial, e obrigou os governos europeus a promover o salvamento de quatro bancos apenas nos últimos dois dias.

"A explosão de liquidez a termo promovida hoje vai acalmar os mercados de financiamento, e permitir que se restabeleça lentamente a confiança entre os tomadores e os concessores de crédito", disse Chris Rupkey, economista financeiro chefe do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ Ltd. de Nova York. Por outro lado, "as contas do Fed estão perto de explodir".

"As medidas estão sendo tomadas para aliviar as evidentes pressões incidentes sobre os mercados de crédito a termo tanto nos Estados Unidos quanto no exterior", disse o banco central americano em comunicado divulgado no site de seu Conselho de Diretores.

A decisão do Fed foi anunciada depois de um comunicado anterior de Ben Bernanke, o presidente do Fed. Bernanke acreditava que o plano de socorro financeiro de US$ 700 bilhões para os bancos ajudaria a restabelecer os mercados de crédito, mas o pacote foi rejeitado na Câmara Federal americana.

Antes da decisão da Câmara de rejeitar o plano, o presidente George W. Bush elogiou a maneira como os partidos se uniram para seguir com o plano.