Título: Ipea vê baixo impacto do Bolsa Família
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2008, Brasil, p. A6

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou ontem uma análise sobre o impacto do Bolsa Família sobre o trabalho infantil baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007. Segundo o relatório, o programa de transferência de renda tem impactos sobre a freqüência escolar, mas não impede que a criança e o adolescente continue trabalhando.

O Ipea destaca que 89,7% das crianças de 7 a 15 anos só estudam, 7% trabalham e estudam, 0,8% só trabalham e 2,5% não trabalham nem estudam, considerando nesse último grupo as que realizam trabalho doméstico em sua própria casa. O instituto destaca que, ao longo do tempo, a porcentagem de crianças que só estuda vem aumentando, enquanto o número de crianças que estuda e trabalha está se reduzindo. A quantidade de crianças e adolescentes que só trabalha, porém, não tem se alterado.

Entre as hipóteses levantadas pelo baixo impacto do Bolsa Família sobre o trabalho infantil estão a qualidade da escola e a baixa atratividade do valor da bolsa se comparado ao rendimento da criança no trabalho. A maioria das crianças, porém, não recebe por trabalhar: 65% entre as que estudam e 45% das que só trabalham. Em 36% das famílias, o rendimento das crianças e adolescentes que não estudam, por sua vez, varia de um terço a 100% da renda familiar, um salário médio de R$ 226.