Título: Areva compra a catarinense Waltec
Autor: Goulart, Josette
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2008, Empresas, p. B7

A empresa francesa Areva, que fornece equipamentos para o setor de energia, anuncia hoje no Brasil a aquisição da Waltec Equipamentos Elétricos, indústria da cidade de Blumenau, Santa Catarina. Com a operação, a Areva passa a produzir no país transformadores do tipo seco e painéis de controle de baixa e média tensão, usados pela indústria de mineração, petróleo e gás , e geradoras de energia. A gigante mundial do setor, que fatura por ano ? 12 bilhões de euros, não vê a crise financeira como empecilho e está mantendo todos os seus planos de investimentos para o Brasil. Marisa Cauduro/Valor

Ruben Lazo, presidente para as Américas da Areva, diz que crise não afetou plano de investimentos para o Brasil

O presidente para as Américas da empresa, Ruben Lazo, diz que o plano ainda é crescer 20% ao ano e espera superar R$ 1 bilhão de volume de negócios em transmissão e distribuição com contratos fechados no Brasil no ano que vem. "Este é um mercado que cresce 10% ao ano, isso significa que para crescermos 20% vamos continuar com nossa estratégia de aquisições", disse Lazo, afirmando que, mesmo que se alterem as expectativas mundiais de crescimento, os investimentos em energia não serão suspensos sob o risco de se depararem com falta do insumo.

A recém-adquirida Waltec faturou, no ano passado, R$ 80 milhões e emprega cerca de 450 pessoas. A Areva está assumindo a empresa hoje e já prevê investimentos, até o fim do ano, de R$ 5 milhões em novos equipamentos para a ampliação da fábrica, segundo Paulo Navarro, diretor da unidade de distribuição da empresa. Além disso, 100 novos funcionários serão contratados. Em todas as unidades da companhia - São Paulo, Itajubá e Canoas - estão sendo aplicados R$ 15 milhões. Valor mantido para o próximo ano, sem considerar projetos de aquisições.

Os executivos da companhia não quiseram divulgar o valor do negócio com a Waltec, só informaram que a empresa está usando recursos próprios. O presidente da Areva no Brasil, Sérgio Gomes, diz que com essa aquisição a empresa passa a fabricar quase toda sua família de produtos no país. Apesar do cenário de crise dos últimos dias, Gomes diz que os leilões de energia, os de transmissão (incluindo o do Madeira) e os investimentos em usinas movidas a bagaço de cana e eólica não vão parar porque o país precisa de energia. Além disso, ele lembra que são todos investimentos de longo prazo.

A parte de transmissão e distribuição da Areva faturou globalmente ? 4,3 bilhões de euros. No Brasil, os números de 2007 mostraram um crescimento de 19% em relação a 2006, percentual que tem se mantido neste ano. Ainda em 2007, a divisão brasileira exportou R$ 150 milhões.

Neste ano, a Areva já havia anunciado a aquisição de 70% da empresa brasileira Koblitz, que ficou conhecida no cenário local por realizar projetos integrados de geração de energia usando o bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima e pelo fornecimento de equipamentos para a construção de algumas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Na semana passada, a Areva também anunciou uma joint venture com a Duke Energy no Brasil para investimentos em uma usina de geração de energia a partir do bagaço de cana.