Título: Em nove meses, importação cresce 52% e saldo comercial recua 37%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2008, Brasil, p. A6

O saldo da balança comercial brasileira atingiu US$ 19,656 milhões de janeiro a setembro, o que significa uma queda de quase 37% em relação a igual período do ano anterior, conforme dados divulgados ontem pelo ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Em setembro, o saldo ficou em US$ 2,268 bilhões, queda de 31,4% em relação a setembro de 2008. No acumulado em 12 meses até setembro, o saldo comercial do país está em US$ 28,753 bilhões, uma queda de 34% em relação aos US$ 43,186 bilhões do mesmo período do ano anterior.

As exportações brasileiras chegaram a US$ 150,8 bilhões nos primeiros nove meses do ano. Pela média diária, o resultado representa crescimento de 28,7% em relação ao verificado no mesmo período de 2007. Na mesma comparação, as importações cresceram 52,4% e chegaram a US$ 131,2 bilhões.

Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, a balança comercial não sentiu até agora os efeitos da crise financeira internacional em relação ao crédito ou à redução de demanda no mercado externo. Ele acredita que a maior expectativa reside na possibilidade de restrições no crédito, embora grande parte dos exportadores brasileiros use recursos de fundos nacionais. Segundo o secretário, apenas uma pequena parte do financiamento das exportações é feita com recursos externos.

Barral estima que a balança comercial só deverá sentir o impacto da crise em 60 ou 90 dias, caso o Congresso americano não aprove o pacote para salvar o mercado financeiro. Como boa parte dos contratos de importação e de exportação do Brasil para os próximos meses já foi firmada, o setor ainda não sofreu os efeitos da crise internacional.

Ele lembrou que os ministros do Desenvolvimento, Fazenda e o Banco Central estão monitorando a crise para a eventualidade de terem que tomar medidas emergenciais em relação aos exportadores. Se for preciso, o BNDES poderia participar com oferta de crédito. O governo também desenvolve medidas de apoio às pequenas e micro empresas nas áreas de logística e desburocratização.

Para o Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (IEDI), o mês de setembro pode ser considerado um momento de transição entre o auge dos preços das commodities, que beneficiaram muito as exportações brasileiras, e um período de preços ainda elevados para padrões históricos, mas ainda inferiores. As exportações brasileiras avançaram 22,1% em setembro, para US$ 20,025 bilhões. As importações cresceram 29,6% para US$ 24,855 bilhões. Esses percentuais significam desaceleração em relação ao ritmo registrado até agosto. De janeiro a agosto, as exportações cresceram 29% e as importações 53,8% em relação a igual período do ano anterior.

As exportações de manufaturados foram as que menos cresceram de janeiro a setembro: 13,6%, para US$ 70,233 bilhões. Nos produtos básicos, as vendas externas avançaram 51%, para US$ 55,94 bilhões, e em semimanufaturados, 29,2% para US$ 20,699 bilhões. Enquanto as exportações para os Estados Unidos cresceram apenas 15,1%, as vendas para a Ásia subiram 52,6% e para a União Européia, 22,8%.

As importações cresceram em todas as categorias de uso. De janeiro a setembro de 2008 na mesma comparação com igual período do ano anterior, as compras externas de combustíveis subiram 78%, de bens de capital 50%, de bens de consumo 47%. (Agências noticiosas)