Título: Mendes descarta corte no orçamento do Judiciário
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2008, Política, p. A14

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, descartou ontem eventuais cortes no Orçamento Geral da União relativos ao Judiciário em decorrência da crise financeira americana.

Mendes disse que se reuniu na noite de quarta-feira com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para analisar a conjuntura econômica a partir das decisões do governo e do Congresso dos Estados Unidos.

"Não vamos falar sobre isso pelo amor de Deus. Pelo amor de Deus. Não se cogitou disso. Eu nem sabia que o Supremo estava em cogitação. Daqui a pouco vão dar manchete (informando) que eu admiti essa possibilidade. Eu não cogitei de orçamento até agora", afirmou Mendes.

Desde o agravamento da crise econômica nos Estados Unidos, técnicos da equipe econômica brasileira avaliam a hipótese de eventuais cortes no orçamento para adequar a conjuntura nacional a efeitos provocados pelo novo cenário econômico.

De acordo com Mendes, o ministro da Fazenda fez um relato sobre o cenário econômico mundial e tratou também de questões tributárias - objetos de ações em tramitação no STF.

"É importante conhecer as dimensões da crise e como ela repercute no país. É, a partir daí, que poderemos conversar sobre outras questões. A essa altura (é preciso observar a possibilidade de ocorrer o) desemprego, que possa ocasionar a recessão, é mais importante do que pensar em cortes para o Judiciário", disse Mendes.

Em seguida, o presidente do Supremo afirmou: "É claro que começam a falar sobre a redução das exportações e, a partir daí, obviamente pode se imaginar que pode haver reflexos". Mas não detalhou o que Mantega teria relacionado como reflexos da crise durante a conversa de quarta-feira à noite.

Para a equipe econômica, entre os temas que interessam ao governo estão as ações diretas de inconstitucionalidade encaminhadas por alguns partidos de oposição contra o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e os recursos sobre perdas de investidores em decorrência de planos econômicos de governos anteriores, como Bresser e Verão, entre outros.