Título: Investimentos da Funcef rendem R$ 3,3 bi e batem meta de 2004
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2005, Finanças, p. C8

Os investimentos da Funcef, fundação que administra um dos maiores fundos de pensão fechados do país, renderam R$ 3,31 bilhões em 2004. Superior em 31,6% ao de 2003, o resultado das operações da entidade, pertencente aos empregados da Caixa Econômica Federal, será oficialmente anunciado nos próximos dias. Em média, a carteira de investimentos da fundação teve uma rentabilidade de 22,5% no ano, bem superior à meta atuarial, de 12,6% em 2004 (INPC mais 6%), destaca o presidente da Funcef, Guilherme Narciso Lacerda. O percentual foi puxado principalmente pelo segmento de renda variável, cuja rentabilidade chegou a 53,9%. Mas houve aí a influência de um fator extraordinário: a reavaliação do patrimônio do Litel, fundo de ações que também tem como cotista a Previ, dos empregados do Banco do Brasil. Por causa dessa reavaliação, as cotas da Funcef e de outras fundações de previdência no Litel (formado exclusivamente por ações da mineradora Vale do Rio Doce ) tiveram valorização de 87,89% em 2004. Para a fundação dos empregados da Caixa, isso representou um ganho de R$ 656,5 milhões, parte importante do resultado total. Em valores absolutos, no entanto, mais significativo foi o rendimento das aplicações de renda fixa, que chegou a R$ 1,85 bilhão no acumulado do ano, mais da metade do total. A rentabilidade desse segmento, formado basicamente por títulos públicos federais, foi de 17,96%, graças aos altos juros brasileiros, reconhece Guilherme Lacerda. A Funcef fechou 2004 com um patrimônio de R$ 17,86 bilhões. Deste total, R$ 12,2 bilhões, ou cerca de 68,3%, estavam concentrados em aplicações renda fixa. "Por obrigação, temos que ser conservadores", justifica o presidente da entidade. Incluindo as cotas no Litel, em renda variável a fundação tinha aplicados R$ 3,19 bilhões, ou 17,8% da carteira, ao final do ano passado. No setor imobiliário, a entidade obteve uma rentabilidade de 14,69% no ano, fechando 2004 com um estoque de investimentos de R$ 1,57 bilhão aproximadamente. Apenas nos empréstimos a participantes, cujo saldo fechou o ano em R$ 879 milhões, a rentabilidade da Funcef ficou um pouco abaixo da meta atuarial, situando-se em 12,14%. Incluindo benefícios concedidos e a conceder, o passivo atuarial da fundação frente aos seus 73.458 participantes e assistidos encerrou o ano em R$ 11,82 bilhões. Já descontados passivos de outra natureza, foi apurada uma sobra de R$ 5,3 bilhões em relação ao valor presente dessas obrigações atuais e futuras com aposentadorias e pensões. Conforme Guilherme Lacerda, essa sobra deverá ser toda destinada ao encerramento do principal plano de benefícios atualmente administrado pela Funcef, que ainda é da modalidade de benefício definido. O objetivo é migrar para um novo plano, de contribuição definida. Nessa modalidade, o risco de desequilíbrio entre o passivo atuarial e o ativo é menor. Portanto, reduz o risco de a empresa patrocinadora, no caso a Caixa Econômica Federal, ter de aportar recursos extras para cobrir eventuais déficits. Guilherme explica que o contingenciamento da sobra apurada é necessário porque, para efeitos de encerramento, o passivo atuarial do plano antigo será recalculado com base em outros parâmetros, mais atuais e mais conservadores. Serão revisados, por exemplo, o índice de mortalidade de aposentados, que vem caindo, e as provisões para reajustes decorrentes de decisão judicial. Conforme o presidente da Funcef, há mais de 5 mil processos judiciais cobrando da fundação reajustes no valor de benefícios concedidos.