Título: Commodities voltam a desabar
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2008, Agronegócios, p. B11

As cotações das commodities agrícolas voltaram a ser tragadas pela turbulência financeira que abala o mercado global e registraram fortes quedas, tanto na bolsa de Chicago quanto em Nova York.

Em Chicago, milho, trigo e soja, os produtos agrícolas mais transacionados do mundo, tiveram quedas em torno de 5%. Traders afirmaram que novas fugas de investidores tiraram sustentação dos preços, e que as incertezas quanto aos efeitos da crise, que tem seu epicentro nos Estados Unidos, também colaboraram para aumentar a tensão.

Das três principais commodities, o milho foi o que mais recuou na quinta-feira. Os contratos com vencimento em março, que ocupam a segunda posição de entrega (normalmente a de maior liquidez), fecharam a US$ 4,73 por bushel, em baixa de 30 centavos (maior queda diária permitida), ou 5,96%. Cálculos do Valor Data mostram que, com isso, o grão passou a acumular alta de apenas 1,34% este ano.

No caso do trigo, os contratos para março (segunda posição) encerraram o pregão negociados a US$ 6,5775 por bushel, em queda de 34 centavos de dólar, ou 4,92%. Mais "descolado" de milho e soja nos últimos dois meses, o cereal passou a acumular baixas de 26,34% em 2008 e de 29,31% nos últimos doze meses.

No mercado de soja, finalmente, os futuros com vencimento em janeiro (segunda posição) fecharam a quinta-feira negociados a US$ 10,2075, em queda de 49,75 centavos de dólar, ou 4,65%. Os cálculos do Valor Data passaram a apontar queda acumulada de 15,94% em 2008, mas alta ainda de 6,11% em doze meses.

Para Vinícius Ito, analista da Newedge baseado em Nova York, para a soja o atual nível de preços já está abaixo do que sugerem os fundamentos de oferta e demanda, mas que em meio às turbulência nos mercados é difícil esses fundamentos prevalecerem. Para ele, no mercado de milho a situação não é muito diferente, mas no trigo a recuperação da oferta global também colabora para as quedas.