Título: Ministro nega trava no crédito à exportação
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2008, Finanças, p. C2

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, garantiu que não haverá problemas de crédito para os exportadores e que o governo está avaliando medidas, mas não há, por enquanto, nada a anunciar. Segundo seu relato, alguns mecanismos anti-crise estão "maduros" e outros serão divulgados mais tarde. "Até agora, não recebi ligação pedindo ACC especial de nenhuma empresa", comentou, referindo-se ao Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC).

Miguel Jorge deu entrevista coletiva ontem no lançamento da segunda Bienal Brasileira de Design que será realizada em Brasília. Estava acompanhado do presidente da Fiat para a América Latina, Cledorvino Belini, do presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, e do curador da bienal, Fábio Magalhães.

O ministro procurou ressaltar que não são importantes as oscilações do mercado em um dia porque, na sua avaliação, as posições mudam todos os dias. Ele também respondeu que não sente frustração com as baixas nas bolsas apesar da notícia da aprovação do pacote de ajuda pelo Senado americano.

O discurso de Miguel Jorge era otimista. Chegou a responder aos jornalistas que "não temos a crise que vocês querem que eu diga". Posição um pouco mais cuidadosa adotou Gerdau ao admitir que, nos Estados Unidos, houve alguma mudança na linha de aços especiais. Apesar disso, garantiu que a demanda por aço continua firma, a economia brasileira é sólida e espera que o governo trabalhe para minimizar os impactos financeiros da crise e preserve as exportações. "Para nós, o aço continua com demanda extremamente elevada no cenário mundial. Temos sinais em alguns mercados nos quais essa situação se modificou. Nos Estados Unidos, na linha de aços especiais tem algumas mudanças. No mundo, o momento é, na economia real, tranqüilo", relatou.

Na perspectiva de Gerdau, todos os investimentos já anunciados para o Brasil estão mantidos, o que significa R$ 4 bilhões em três anos. Ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá entre 4% e 4,5% no ano que vem. Previsão parecida tem o presidente da Fiat, ao afirmar que a economia brasileira deverá expandir-se 4% em 2009. Os investimentos da montadora italiana no país - R$ 6 bilhões de 2008 a 2010 - estão preservados.