Título: EUA renovam programa que reduz tarifas para o Brasil
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2008, Brasil, p. A2

O Congresso dos Estados Unidos renovou na sexta-feira os benefícios do Sistema Geral de Preferências (SGP), sem restrições, até o dia 31 de dezembro de 2009. Os empresários brasileiros, no entanto, já estão preocupados com a próxima etapa, pois o governo americano prometeu uma ampla reforma de seus sistemas de preferência de comércio para países pobres no próximo ano.

O programa, que reduz as tarifas de importação para alguns produtos, beneficiou quase 14% das exportações brasileiras para os EUA em 2007, o equivalente a US$ 3,4 bilhões. A importância do SGP para o país já foi maior. Em 1997, 23% dos embarques brasileiros para o maior mercado do mundo usufruíram dos benefícios, conforme dados da United States International Trade Comission (USITC).

Também foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos a renovação dos programas de preferências tarifárias para os países andinos. Para Colômbia e Peru, o benefício foi estendido por mais um ano. Para Bolívia e Equador, apenas por seis meses. Os EUA ameaçam retirar os dois países do programa, por conta de atritos políticos.

A Bolívia, presidida por Evo Morales, expulsou o embaixador americano. Já o Equador teve problemas com petroleiras dos EUA. Apesar da renovação por seis meses, a ameaça não diminuiu. O governo dos EUA abriu uma audiência pública para avaliar a exclusão da Bolívia. O programa de preferências tarifárias para os países andinos é mais abrangente que o SGP, mas também exige contrapartidas mais rígidas, incluindo o controle do tráfico de drogas.

Uma das exigências do senador republicano de Iowa, Charles Grassley, que é líder da minoria do poderoso Comitê de Finanças do Senado dos EUA, foi um acordo com os democratas, que garante a discussão de uma ampla reforma do SGP em 2009. Para Grassley, o programa perdeu o sentido, porque não beneficia os produtos dos países pobres, mas apenas os grandes emergentes como Brasil e Índia.

Segundo Diego Bonomo, diretor-executivo do Brazil Information Center (BIEC), em Washington, o Congresso americano já possui uma base técnica consistente para um ampla reforma. "Se fizermos um trabalho de lobby intenso, como aconteceu nos últimos dois anos, podemos manter os benefícios, mas talvez nossa lista seja reduzida."

A rapidez dessa renovação do SGP surpreendeu positivamente os brasileiros, que acreditavam que só haveria alguma decisão depois das eleições. Para os empresários, a mudança de postura do Brasil na Rodada Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC), deixou os americanos mais simpáticos ao país.