Título: Uso de impressão digital anima TSE
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2008, Política, p. A8

Com base em testes realizados em três municípios durante a votação de ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acredita que será possível realizar eleições baseadas na tecnologia de impressões digitais em oito anos. Em São João Batista (SC), Colorado D"Oeste (RO) e Fátima do Sul (MS), os eleitores foram identificados pelos polegares.

Como não houve o registro de qualquer problema nesses municípios, o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, empolgou-se e antecipou em dois anos a previsão inicial para "eleições biométricas". Até a semana passada, Britto acreditava que seria possível empregar a tecnologia de impressão digital nas eleições em dez anos. Ontem, reduziu o prazo para oito anos.

"O futuro aponta para o cadastro biométrico como o mais avançado em termos de tecnologia", afirmou Britto. Para ele, além de permitir a redução no número de mesários, o sistema é o mais seguro contra fraudes. "Quem sabe, até em menos de oito anos poderemos cadastrar todos os eleitores", disse.

Para implementar o sistema biométrico, todos os eleitores do país - 128,8 milhões de pessoas - terão de ser previamente cadastrados. No caso dos três municípios testados, técnicos do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal auxiliaram no processo de colher as impressões digitais dos eleitores e fotografá-los. Com a digital, não há a necessidade de apresentação do registro civil, nem de assinatura pelo eleitor. Essas três cidades foram escolhidas para o projeto-piloto do TSE por terem 15 mil eleitores, em média, e estar localizadas em diferentes regiões do Brasil. Por outro lado, a média de tempo de votação por eleitor subiu para 60 segundos. Na urna eletrônica convencional o tempo gasto é de 40 segundos.

O número de urnas substituídas foi considerado baixo pelo TSE. Das 455.971 urnas utilizadas, somente 2.233 tiveram de ser trocadas, na maior parte das vezes por quedas de força. Isso representa 0,49% do total. Apenas 12 urnas foram trocadas para o sistema manual - 0,003% do total.

Quanto às ocorrências, houve 4.787 registros de diversas irregularidades, como boca-de-urna, arregimentação e transporte de eleitores, tentativas de compra de votos, divulgação de propaganda e uso de alto-falantes. Duzentos e oito candidatos foram presos e outros 423, autuados ou advertidos. "Nada que signifique uma disfunção ou um fator de instabilidade. Não houve mortes, apenas um ferido por um projétil de borracha" minimizou o presidente do TSE.

"O ideal é que não tivéssemos nenhum candidato preso, pois eles deveriam ser os primeiros a dar o bom exemplo", lamentou o ministro Caputo Bastos. Ao todo, há 365 mil candidatos nessas eleições. Outras 1.624 pessoas foram presas e 2.526 foram autuadas por cometer irregularidades durante a votação. As ocorrências foram maiores em Pernambuco, com mais de 300 registros, e no Rio Grande do Sul, com mais de 160 casos.

A apuração em São Paulo ficou um pouco defasada em relação à de outras capitais porque os boletins das urnas entraram no sistema com velocidade superior à esperada. São Paulo foi uma das três últimas capitais a concluírem a apuração.