Título: Fogaça enfrenta PT pela segunda vez em Porto Alegre
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2008, Política, p. A11

O prefeito licenciado José Fogaça (PMDB) vai reviver 2004 e enfrentará novamente o PT no segundo turno da eleição para a Prefeitura de Porto Alegre. O resultado do primeiro turno confirmou a tendência apontada pelas últimas pesquisas de intenção de voto e desta vez a adversária será a petista Maria do Rosário, que há quatro anos concorreu como vice na chapa liderada pelo atual deputado estadual, Raul Pont. Na época, Fogaça era do PPS, mas no ano passado retornou ao PMDB, seu partido de origem. Genaro Joner/Agência RBS/Folha Imagem Fogaça com o ex-governador Germano Rigotto (à esquerda) e o senador Pedro Simon: novo embate com PT

O prefeito que concorre à reeleição obteve 43,85% dos votos válidos, seguido por Rosário, com 22,73%. Manuela D"Avila teve 15,35% e Luciana Genro, 9,22%. Onyx Lorenzoni (DEM) somou 4,91% dos votos, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), 2,83%, Vera Guasso (PSTU), 0,78%, e Carlos Gomes (PHS), 0,32%.

Fogaça concorre coligado com o PDT e com o PTB e, ontem à noite, pediu o apoio do PP e do PPS, que fazem parte da atual administração mas disputaram o primeiro turno junto com o DEM e com o PCdoB, respectivamente. O prefeito também propôs a reaproximação do PSDB, que deixou o governo quando decidiu lançar candidatura própria, e disse que gostaria de ter o apoio de Manuela, "um exemplo de lealdade, respeito e bom senso político".

Já o PT, de olho na revanche, tentará recompor e ampliar o campo político da última eleição. Rosário anunciou que pretende conversar hoje com a candidata do PCdoB, que há quatro anos concorreu coligada com os petistas e faz parte da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela disse ainda que avalia implementar propostas apresentadas durante a campanha por outros candidatos no primeiro turno e citou os nomes de Lorenzoni, Gomes e até de Marchezan Júnior.

Segundo o ministro da Justiça, Tarso Genro, o PT também deve buscar o apoio do PSB, que disputou o primeiro turno junto com Manuela, e do P-SOL, partido de sua filha, Luciana Genro, quarta colocada no primeiro turno. A sigla, constituída por ex-militantes do PT expulsos no fim de 2003 por discordarem dos rumos do governo Lula, disputou sua primeira campanha municipal. Para o ministro da Justiça, Rosário "representa aqui a melhor expressão política do governo Lula no contexto em que estamos vivendo". Nas prévias do partido, Tarso apoiou o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, mas ontem participou do café da manhã e acompanhou a votação da candidata do partido. "Maria do Rosário tem que apresentar uma proposta de governar com a esquerda e com o centro", disse.

Diego Vara/Agência RBS/Folha Imagem Maria do Rosário, ao lado da ministra Dilma Rousseff, deve procurar apoio da terceira colocada Manuela D"Ávila Tarso também defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visite Porto Alegre no segundo turno para apoiar a campanha do partido. "Vou acatar a decisão que ele assumir, mas entendo que ele deve dar o apoio para Maria do Rosário porque não há dúvida que ela é a sustentação, ampliação e consolidação da base do governo federal no Rio Grande do Sul", afirmou.

Lula não esteve na cidade no primeiro turno porque o PCdoB, de Manuela, faz parte da base de sustentação do governo federal. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que junto com Tarso acompanhou parte da agenda de Rosário ontem, preferiu não se manifestar sobre o assunto. Para o ministro da Justiça, apesar de Fogaça concorrer pelo PMDB, que também é da base do governo federal, ele foi eleito em 2004 pelo PPS e "jamais moveu uma palha para defender o governo Lula".

Luciana, do P-SOL, explicou que não vai "indicar voto" para o segundo turno. "Cumpri meu papel, apresentei uma alternativa, mas a maioria da população escolheu outras candidaturas. Meus eleitores farão o próprio juízo para definir em quem votarão". Já o candidato do DEM, Onyx Lorenzoni, disse que não decidirá sozinho quem o partido apoiará. "O Democratas vai discutir internamente", explicou.

Marchezan Júnior informou que vai debater com o partido se apoiará algum candidato no segundo turno. Ontem ele votou acompanhado da governadora Yeda Crusius (PSDB), que também o visitou no fim da tarde na sede do partido. Na opinião dela, os escândalos enfrentados pelo governo estadual neste ano - como o desvio de recursos no Departamento de Trânsito - não comprometeram o desempenho do candidato tucano em Porto Alegre.

Apesar de eleger a maior bancada individual, o PT reduziu o número de vereadores na Câmara dos atuais nove para sete integrantes, enquanto o PMDB subiu de cinco para seis. O PTB caiu de sete para cinco vagas e o PDT permaneceu com cinco. O PP passou de três para quatro e o P-SOL elegeu seus dois primeiros vereadores, mesmo número obtido pelo PSDB, que manteve a bancada. O PPS passou de um para três vereadores e o PSB e o PRB, que atualmente não têm bancada, elegeram um vereador cada. O PCdoB perdeu a única vaga que mantém hoje.