Título: Para economista, acerto terá impacto no IPCA
Autor: Ivo Ribeiro e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 23/02/2005, Empresas &, p. B1

O economista Luís Otávio Souza Leal, da ASM Asset Management, estima impacto de 0,05 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2005, caso o reajuste de 71,5%, acertado pela Companhia Vale do Rio Doce com a Nippon Steel Corporation, seja repassado integralmente ao longo da cadeia produtiva. Dessa forma, o IPCA, projetado em 5,70% pelo mercado para este ano, poderia ficar em 5,75%. O cálculo, uma estimativa feita por Leal a pedido do Valor, aponta um impacto sobre a inflação bem maior do que o projetado pela Vale e por um estudo encomendado pela mineradora à Fundação Getúlio Vargas (FGV). Análise feita pela Vale, levando-se em conta aumento de 90% para o minério, projetava, em janeiro, um impacto de apenas 0,024% sobre IPCA no ano. Se o resultado fosse esse, o índice, usado pelo Banco Central no programa de metas de inflação, permaneceria praticamente inalterado em relação às estimativas do mercado para 2005. No fim de janeiro, o estudo feito pela FGV a pedido da Vale, sobre a mesma base de reajuste de 90% para o minério, apontou um impacto de 0,045% sobre o IPCA. Segundo o trabalho da FGV, "impor ou não essa mudança de preços (90% de aumento para o minério) não altera o cenário de inflação do IPCA para 2005". Leal disse que sua estimativa parte de uma hipótese extrema, segundo a qual todas as cadeias produtivas ligadas direta ou indiretamente ao ferro, como siderurgia, eletroeletrônicos e setor automotivo, repassarão o aumento de custos de forma integral. Ele também previu que, se o reajuste de 71,5% no minério for todo repassado ao mercado interno, o impacto sobre Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) seria de 1,13 ponto percentual, elevando o índice acumulado no ano para cerca de 7,19%. Fonte do setor siderúrgico previu que, no fim das negociações entre a Vale e os demais fabricantes de aço, o reajuste médio do minério deverá ficar abaixo de 70%. De acordo a fonte, o grupo Arcelor, gigante mundial do aço, tem "poder de fogo" para acertar com a Vale reajuste menor do que o firmado com os japoneses. A Usiminas informou que "não iria comentar negociações entre empresas." (FG)