Título: Mais cidades serão governadas por mulheres
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2008, Política, p. A5

O Tribunal Superior Eleitoral registrou um aumento de mulheres prefeitas. Ao todo, 9,16% das prefeituras serão administradas por mulheres. Eram 7,32% em 2004. Quanto às vereadoras a situação ficou praticamente estável. Elas conseguiram 12,51% das vagas. Em 2004, eram 12,64%. Ayres Britto: "Queremos que todos os processos estejam julgados antes da diplomação"

Houve queda na abstenção com relação a 2006. Apenas 14,5% dos eleitores não votaram neste ano. Em 2006, foram 16,8%. Porém, a abstenção subiu um pouco em relação às últimas eleições municipais, em 2004. Naquele ano, 14,2% dos eleitores não foram às urnas. Britto diferenciou a abstenção do voto nulo e em branco. "Quando a abstenção é alta nos preocupamos porque sinaliza uma desativação da cidadania. É uma renúncia ao direito de votar", disse o presidente do TSE. "Já no voto em branco e no voto nulo o eleitor compareceu e manifestou sua opinião."

O TSE deverá manter as tropas federais no Rio de Janeiro, apesar de não ter registrado nenhum caso grave na capital fluminense. Segundo Britto, o mais importante no Rio foi permitir a atuação de candidatos, da imprensa e da população em geral na campanha em 27 comunidades consideradas de risco. "A eleição no Rio transcorreu num clima de razoabilidade, mas convém manter as tropas", enfatizou o presidente do TSE.

O caso mais grave dessas eleições ocorreu em Benedito Leite, no interior do Maranhão, onde 600 manifestantes colocaram fogo em algumas urnas e numa escola onde haveria votação. O TSE já havia liberado forças para a cidade - 11 agentes do Exército e 10 policiais militares. Mas eles foram poucos para conter os manifestantes que ainda prenderam um juiz e seu filho. A votação foi suspensa. Onze urnas desapareceram. A eleição foi cancelada e haverá nova votação em 26 de outubro. "Esse fato foi grave e lamentável", concluiu Britto.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai dar prioridade, nos próximos dias, ao julgamento de processos envolvendo candidatos que disputam o segundo turno das eleições municipais. O objetivo é tentar zerar essas ações e garantir aos eleitores um resultado final em 26 de outubro, data da votação.

"Queremos que todos os processos estejam julgados antes da diplomação", afirmou o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto. "Vamos priorizar as impugnações pendentes de quem tem chance no segundo turno", prometeu.

Ao todo, haverá segundo turno em 29 cidades, 11 delas capitais. A campanha nas ruas será retomada hoje. Os candidatos já poderão fazer propaganda distribuindo material, realizando comício ou carreatas. Assim como no primeiro turno, a propaganda pode ser realizada até a véspera da eleição, com exceção dos comícios, que só podem ser feitos até o dia 23.

Britto classificou como um recorde o fato de o resultado final das eleições, com 100% dos votos, ter sido conhecido às 13h19 de ontem. Em 2006, o resultado final saiu às 14h55 da segunda-feira após o domingo de votação. Em 2004, a apuração só chegou a 100% na terça-feira. "Quebramos todos os recordes", enfatizou o ministro. Às 17h07 de domingo, sete minutos após o fechamento das urnas, o primeiro município - Imbiá, em Santa Catarina - já divulgava o resultado. A demora foi maior no Amazonas, que foi o último Estado a fechar a apuração.

Houve problemas para a totalização dos votos em São Paulo, onde o Tribunal Superior Eleitoral acreditava que o resultado sairia com maior velocidade. Segundo Britto, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo planejou um sistema com velocidade superior e, no fim, não deu conta de processar todos os dados. Por isso, a divulgação foi suspensa por meia hora, o que provocou um atraso. Os resultados só saíram por volta da meia-noite. "Fizemos projeção de quatro vezes para além da velocidade normal em São Paulo, mas o sistema pesou, os aparelhos acusaram o golpe", relatou Britto.