Título: CNA propõe parcelar até 2009 dívidas de custeio
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 23/02/2005, Agronegócios, p. B10

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vai propor ao governo o alongamento do prazo das dívidas de custeio e de investimentos de produtores rurais numa tentativa de amenizar o efeito da queda da renda agrícola este ano. Representantes de 11 federações estaduais de agricultura se reuniram ontem na CNA, em Brasília, para discutir a crise de renda. "A situação está difícil em todo o país, a defasagem de preços é grande e houve aumento de custos", disse Macel Caixeta, presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA. Segundo ele, o aumento médio dos custos de grãos em 2004/05 foi de 35% sobre o ciclo anterior. No mesmo período, os preços de grãos caíram até 50%. Caixeta disse que a queda do dólar também afeta a renda do produtor. "Compramos insumos para o plantio com o dólar entre R$ 3,10 e R$ 3,20, e agora, na comercialização da safra, está abaixo de R$ 2,60". De acordo com ele, neste cenário os produtores não conseguirão pagar as dívidas de custeio e de investimentos. Por isso, a CNA proporá, em reunião do setor com governadores e o representantes do Ministério da Agricultura, em Rio Verde (GO), no dia 2 de março, que as dívidas do custeio que vencem este ano sejam divididas em cinco parcelas de 20%. Uma parcela seria paga ainda este ano, e o restante dividido em quatro parcelas anuais até 2009. Levantamento do Ministério da Agricultura mostra que o governo liberou para custeio e comercialização, entre julho de 2004 e janeiro último, R$ 23,56 bilhões - ou 82% da meta do Plano de Safra. Essa dívida deve começar a ser paga dois meses após a colheita, em cinco parcelas mensais. Entre crédito para custeio e investimento, o governo liberou no período R$ 32,8 bilhões de um total programado para a safra de R$ 46,450 bilhões. A CNA também propõe que o vencimento das parcelas deste ano e de 2006 de créditos de investimento seja adiado para o fim do plano de financiamento. A entidade estima que vençam este ano R$ 4 bilhões em investimentos. O setor também pedirá às empresas de insumos carência de 90 dias para pagamento de suas dívidas.