Título: Vitorioso nas urnas, PMDB lança Temer à Câmara
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2008, Política, p. A13

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), deverá ser oficializado hoje pela bancada do partido o candidato à Presidência da Câmara dos Deputados. Ontem, Temer dividiu seu tempo entre as últimas articulações em torno da candidatura e as comemorações pelo desempenho do PMDB no primeiro turno das eleições municipais. Leo Pinheiro/Valor Temer: "Não podemos descartar nada: nem a candidatura própria nem ser vice do PT",

Para ele, o resultado ajuda a "consolidar" a aliança do partido com o PT, já que ambos estavam aliados em vários municípios e não houve confrontos traumáticos nos casos em que disputavam.

Mas disse ainda ser cedo para avançar em negociações em torno da formação de uma chapa para a sucessão para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PMDB na vice de um candidato petista.

"Temos um ano e meio para pensar no assunto. Podemos evoluir para uma candidatura própria, se surgir um nome forte. Não podemos descartar nada: nem a candidatura própria nem ser vice do PT", disse Temer.

"Entre a vice e a titularidade, ficamos com a titularidade, se tivermos um nome", afirmou o deputado Eunício de Oliveira (PMDB-CE), presidente do diretório regional do partido no Ceará. Ele concorda que é precipitado falar no cenário para 2010. "Nosso primeiro projeto é eleger Temer presidente da Câmara. Nosso segundo projeto é manter a aliança com o presidente Lula", disse Eunício.

A cúpula pemedebista não teme que o segundo turno em Porto Alegre e em Salvador, onde PMDB e o PT estão disputando, resulte em problemas à aliança. "Nós passamos incólumes na eleição de mais de cinco mil municípios. Não serão essas duas disputas que irão prejudicar a aliança", disse.

No entra e sai de parlamentares do gabinete de Temer na Presidência do PMDB ao longo do dia, o sentimento era de satisfação com o fato de a sigla ter eleito cerca de 1.200 prefeitos, mantendo sua primeira colocação no ranking partidário.

Pelas contas do partido, o PMDB elegeu 1.058 prefeitos e recebeu 14 milhões de votos em 2004. Agora, elegeu 1.194 prefeitos e disputa o segundo turno em 11 municípios. Recebeu, só no primeiro turno, 4,5 milhões de votos a mais que em 2004.

Numa avaliação do resultado do primeiro turno, entre as lideranças do PMDB que saem fortalecidas, despontam o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, que conseguiu levar Eduardo Paes para o segundo turno, e o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), apontado como responsável por manter o prefeito João Henrique na disputa em Salvador.

Eduardo Paes e João Henrique começaram a campanha com baixos índices de intenção de voto. Além disso, a favor de Geddel conta o fato de 113 dos 243 pemedebistas que disputavam prefeituras no interior da Bahia terem sido eleitos.

Em Belo Horizonte, o surpreendente crescimento do pemedebista Leonardo Quintão - que disputa com Márcio Lacerda (PSB) - é atribuído antes ao desempenho pessoal do candidato que ao acanhado apoio do ministro Hélio Costa (Comunicações).

O próprio Eunício, além de apoiar a prefeita Luizianne Lins (PT), reeleita no primeiro turno, sai fortalecido com o grande número de prefeituras obtidas pelo PMDB (35, perdendo para o PSDB, que elegeu 54). Além disso, o governador Cid Gomes (PSB) confirmou publicamente, durante a campanha, seu apoio à candidatura de Eunício para o Senado em 2010.

O senador Gerson Camata (PMDB-ES), em discurso no plenário, comemorou a performance do PMDB no Estado, elogiando o governador Paulo Hartung pelo "trabalho de engenharia política" conduzida por ele. Informou que o PMDB conquistou 22 das 78 prefeituras, mas, se forem somados os demais partidos da base de Hartung (PP, PSB, PMDB, PTB e PDT), chegam a quase 90% das prefeituras.

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), que também subiu à tribuna para comemorar o desempenho do seu partido, chamou a atenção para o fato de que PT e PMDB, maiores partidos da base governista, vão administrar juntos municípios com cerca de 33 milhões de eleitores.