Título: Sem Alckmin, PSDB anuncia apoio a Kassab
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2008, Política, p. A13

Sem a presença do candidato derrotado Geraldo Alckmin, nem do governador José Serra, o PSDB formalizou ontem o apoio à candidatura do prefeito Gilberto Kassab (DEM) à Prefeitura de São Paulo. Hoje o PTB, vice de Alckmin, deve anunciar a entrada na candidatura do prefeito e amanhã, o PPS. Sem aumentar o número de partidos aliados, a campanha de Marta Suplicy (PT) receberá reforços de militantes e dirigentes das campanhas já vitoriosas do PT na região metropolitana de São Paulo, como da campanha de Mário Reali, eleito em Diadema no primeiro turno.

Na sede do diretório estadual do PSDB, que na entrada ainda exibe um cartaz com o rosto de Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso liderou uma entrevista coletiva de meia hora, na qual declarou que o partido, apesar de toda a crise teve a "capacidade de entender as circunstâncias" depois da derrota. Ao lado do presidente nacional da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), FHC disse que os tucanos terão uma "participação muito forte, nas ruas, dentro do programa, sem dúvida alguma", mas evitou falar sobre a participação de Alckmin na campanha. "A expressão subir no palanque é meramente uma metáfora", desconversou. "Na medida em que o partido já apoiou e o Geraldo tem uma posição do partido, tem que subir no palanque."

Mesmo com os ataques diretos feitos por Alckmin a Kassab, que chegou a chamar o prefeito de "dissimulado" e o atacou por supostamente "cooptar vereadores", FHC tentou minimizar a briga entre os dois políticos. "Isso é a pequena política, num certo momento de emoção. Isso passa. Também não se pode pedir a presença dele. " Para FHC, a divisão interna do partido, que foi aprofundada ao longo da campanha de Alckmin, não é suficiente para explicar a derrota do tucano. "Acho que essas questões ficam muito entre nós. Eu não sei se a população ao decidir toma em consideração esse tipo de questão. Ela não toma esse tipo de questão; tem motivação muito mais concreta do que essa fofoca política". Na entrevista estavam presentes também o presidente estadual da legenda, Antonio Carlos Mendes Thame, e o presidente do municipal, José Henrique Reis Lobo. Os fiéis aliados de Alckmin resumiram-se à presença do deputado Julio Semeghini, vice no municipal.

Ausente no ato simbólico do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra, disse, em entrevista à rádio BandNews FM, que "vai apoiar Kassab" e que subirá ao palanque "se for necessário, se for chamado."

A candidata do PT, Marta Suplicy, terá a campanha reforçada com apoiadores da candidatura do petista Mario Reali, eleito em Diadema. A estrutura da campanha de Reali se dividirá entre a campanha de Marta e a do ex-ministro Luiz Marinho, candidato em São Bernardo do Campo. A expectativa é que outras campanhas de petistas da grande São Paulo, vitoriosas no primeiro turno também atuem nas duas campanhas. "Vamos nos empenhar nos lugares estratégicos", disse Reali.

Sem novos apoios partidários, a petista recorreu ao governo federal para tentar mostrar força política. Ela pretende reunir amanhã pelo menos cinco ministros, além de intelectuais e artistas. Já confirmaram presença os ministros do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), e da Cultura, Juca Ferreira (PV). O PV está na coligação de Kassab. Estão previstos os ministros do PT Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Dilma Rousseff (Casa Civil), ainda sem confirmação. O comitê petista tenta fechar para o dia 18 a primeira subida de Lula no palanque de Marta. (Com agências noticiosas)