Título: Dilma sobe, Lula comemora
Autor: Rizzo, Alana ; Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 02/02/2010, Política, p. 3

Presidente festeja candidata, que, em um dos cenários pesquisados pela CNT/Sensus, empata tecnicamente com Serra

Dilma: com Ciro na disputa, candidata de Lula ganhou 6.1 pontos percentuais em dois meses

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou, ainda pela manhã, o resultado da pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem que aponta crescimento das intenções de voto da candidata do PT, ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O levantamento também revela aumento na aprovação do desempenho pessoal do petista à frente do Executivo. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra estão tecnicamente empatados, apesar de o tucano liderar os cenários de pesquisas estimuladas (leia quadro).

A diferença entre os candidatos é de 5,4 pontos percentuais. Em novembro, data da última rodada de pesquisas, esse valor era de 10,1 pontos percentuais. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O tucano aparece hoje com 33,2% das intenções de votos contra os 31,8% no levantamento anterior. Dilma cresceu 21,7% para 27,8% no mesmo período. Nesse primeiro cenário, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) perdeu espaço: de 17,5% caiu para 11,9%. Já a senadora Marina Silva (PV-AC) cresceu. Passou de 5,9% para 6,8%. Em um cenário com Ciro fora da disputa, Serra cresce 7,5 pontos percentuais e vai para 40,7%. Dilma sobe para 28,5% e Marina atinge 9,5%. Brancos e nulos caíram de 13,8% para 11,4%.

Lula ressaltou a necessidade de manter o ritmo, apesar da crise hipertensiva da semana passada. ¿Está vendo como a gente está indo bem? A gente tem que continuar trabalhando para subir mais ainda¿, disse Lula para a candidata. A agenda de viagens do petista foi reduzida, embora assessores reconheçam que ele retomará o ritmo de atividades. À noite, Lula foi enfático: ¿Eu não sou de comentar pesquisa, mas não há pressão que (não) consiga subir com a pesquisa de hoje, mostrando que as pessoas estão compreendendo o que está acontecendo no Brasil¿.

José Alencar, vice-presidente da República, também comentou os bons índices: ¿Esperávamos por isso. Ela está chegando. Tem muito Brasil para visitar¿, disse, minimizando as críticas do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o aumento nas intenções de voto é sinal de campanha antes da hora. ¿Essas coisas a gente tem que compreender. Em época de guerra, boato é terra.¿

Líder O governo também aproveitou o momento para mandar um aviso àqueles que defendem a permanência de Ciro Gomes na disputa presidencial: ¿Ainda é cedo para falar que os votos de Ciro irão para José Serra. A única coisa que se pode dizer com base nessa pesquisa é que Serra é vulnerável¿, afirmou o futuro líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que toma posse hoje no cargo.

Vaccarezza não mede as palavras ao se referir à tese de que o presidente Lula pode terminar aceitando a candidatura de Ciro Gomes apenas para evitar que José Serra seja o herdeiro principal dos eleitores que aparecem fechados com o pré-candidato do PSB. ¿Nossa posição está clara em relação a Ciro Gomes: queremos juntos, na campanha da ministra Dilma, todos os partidos aliados ao governo Lula¿, disse Vaccarezza, taxativo.

O líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), não pensa da mesma forma. Ele considera que a candidatura de Ciro é importante nem que seja para assegurar redução dos votos de Serra. ¿A tese dos dois candidatos é verdadeira, pelo cenário de hoje¿, diz ele. O fato de Rollemberg fazer uma ressalva sobre o cenário atual deixa implícito que Ciro pode mesmo deixar de ser candidato. ¿Isso, nós vamos decidir só em março¿, afirma, mantendo o mistério.

Para o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), sem Ciro na disputa, Serra vence em primeiro turno. Segundo Maia, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão, chegou ao seu ¿teto¿ em termos de intenção de voto e, após atingir este ¿patamar¿, deve se estabilizar nas pesquisas. O senador José Agripino Maia (DEM-RN) diz que o crescimento era esperado e que agora é hora do confronto direto, que, para ele, garante a vitória do tucano.

Já o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), acredita que a questão é se vai ter segundo turno. ¿A pesquisa pode trazer problema para o Ciro e para o governo. A presença dele não tira votos de Serra. Sem Ciro, o eleitorado tende a dar o voto a Serra. Mas isso é hoje¿, ressaltou.

Eu não sou de comentar pesquisa, mas não há pressão que (não) consiga subir com a pesquisa de hoje, mostrando que as pessoas estão compreendendo o que está acontecendo no Brasil¿

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil

Leia a íntegra da pesquisa CNT/Sensus