Título: Para executivo, mudança na lei é positiva
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2008, Tecnologia & Telecomunicações, p. B3

A revisão do marco regulatório das telecomunicações brasileiras, motivada pelo interesse da Oi em adquirir a Brasil Telecom (BrT) é positiva, desde que abra possibilidades iguais para todas as operadoras. A afirmação foi feita ontem pelo diretor-geral da Telefónica para a América Latina, José Maria Alvarez-Pallete, numa entrevista à imprensa. "Existe um processo de convergência tecnológica que é mundial. A mudança de regras permite maior complementaridade entre os negócios. Em termos conceituais, não me parece mal, desde que o mesmo valha para todos", disse o executivo.

Na avaliação dele, a reconfiguração do mapa regulatório brasileiro permitirá que as operadoras tenham melhores condições de oferecer a seus clientes pacotes que combinem serviços fixos, móveis e de TV paga. A formação de uma empresa com operações de telefonia fixa em todo o país, exceto São Paulo, e com presença nacional no segmento de telefonia móvel - como será a Oi depois da aquisição - não é motivo de preocupação, de acordo com Alvarez-Pallete.

O executivo observou que a Telefónica estará presente no segmento fixo apenas em São Paulo, mas terá presença em todos os Estados por meio da Vivo, parceria do grupo espanhol com a Portugal Telecom. "Nos sentimos capazes de capturar a maior fonte de crescimento do mercado brasileiro (de telecomunicações), que é a telefonia móvel", ressaltou. "Não estamos em desvantagem."

Alvarez-Pallete afirmou que a Vivo é essencial para o grupo e que a Telefónica não está disposta a vender sua participação para o sócio português. "Não podemos imaginar a companhia sem a Vivo. A empresa fez uma série de ajustes nos últimos anos, retomou a liderança do mercado e está muito bem", destacou. O impasse entre espanhóis e portugueses tem se arrastado durante anos. Um acionista quer comprar a participação do outro, mas não se chega a um acordo.

Questionado sobre a participação indireta que a Telefónica tem na TIM Brasil, Alvarez-Pallete afirmou ser inviável uma troca desse ativo pelo controle total da Vivo - uma possibilidade há muito aventada por executivos do setor de telecomunicações. "Isso não existe. Somos acionistas minoritários e não temos poder de gestão na TIM."

A participação nessa operadora foi obtida quando a Telefónica adquiriu parte do capital da Telecom Italia, no ano passado. Para conseguir a aprovação do negócio no Brasil, onde já era acionista da Vivo, a companhia espanhola comprometeu-se a permanecer afastada das decisões referentes à TIM no país. (TM)