Título: Bancos prevêem queda de até 40% no minério de ferro
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2008, Empresas & Tecnologia, p. B9

A turbulência que tomou conta dos mercados levou o Credit Suisse a reavaliar para cima o custo de capital da Vale do Rio Doce de 8,2% para 9,4% e a reduzir o preço justo da ação da companhia de US$ 53 para US$ 40 (R$ 68) até o fim do ano. Em relatório divulgado ontem, o banco suíço observa que a Vale, que nas últimas semanas perdeu mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado, ainda detém uma posição de caixa bastante confortável, de US$ 15 bilhões, o que lhe garante recursos para continuar crescendo neste ambiente de incerteza e falta de liquidez. Mesmo assim, segundo os analistas do CS, os investidores estão embutindo no preço atual da ação da Vale expectativa de queda de 40% no preço do minério de ferro em 2009 por temor de redução da demanda, principalmente na China.

Por conta das incertezas, o banco suíço projeta dois cenários de estresse que podem impactar fortemente o lucro da companhia em 2009. No primeiro, toma como referência um reajuste zero para o minério no ano, o que cortaria seu lucro em 20%. No segundo, prevê uma queda de 20% no preço do minério de ferro em 2009, o que diminuiria o lucro da Vale em 36%.

Os analistas prevêem no curto prazo uma forte deterioração das expectativas do mercado de minério de ferro. O fato, segundo eles, não afasta riscos de redução de oferta, com empresas adiando ou suspendendo projeto. Mas, eles avaliam a crise como conjuntural e não estrutural e apesar das expectativas catastróficas dos investidores, não descartam a possibilidade de uma retomada do mercado de minério nos próximos meses, com a China voltando a importar mais de 30 milhões de toneladas/mês. Neste cenário base , mantém projeção de reajuste de 20% do minério em 2009.

O UBS também divulgou relatório ontem que aponta para baixo suas projeções para os preços de minério de ferro, cobre e alumínio em 2009. Seus novos números indicam queda de 15% no minério, ante alta de 10%. Para 2010, o banco estima queda de mais de 15% para o produto. Para o cobre, apontou US$ 5.512,5 a tonelada (US$ 2,50 a libra-peso), 38% abaixo do previsto. Em 2010, o preço do cobre deve chegar ao máximo US$ 6.600. O preço do alumínio sofreu corte de 28% , para US$ 1,15 a libra-peso no ano que vem e de 38% (US$ 1,25) em 2010. No níquel, a cotação recua 32% em 2009, para US$ 16.500 a tonelada e 35% em 2010 (US$ 18.700).