Título: Reeleição de prefeitos alcança recorde de 66%
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Fonte: Valor Econômico, 10/10/2008, Política, p. A7

Dois em cada três prefeitos que tentaram a reeleição no último domingo conseguiram um novo mandato. Segundo o levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que não considera os 29 municípios em que há segundo turno, 2.245 dos 3.357 prefeitos candidatos venceram as eleições, o que corresponde a 66,9%. Nas eleições de 2000 e 2004, o índice de sucesso dos prefeitos candidatos ficou em torno de 58%.

Em relação aos 5.562 municípios brasileiros, o resultado de domingo indica que pelo menos 40,36% dos atuais prefeitos já estão reeleitos. É um índice maior do que o observado em 2000, quando todos os prefeitos tinham a possibilidade de se reeleger, uma vez que o instituto da reeleição surgiu em 1997. Na ocasião, 37,1% o fizeram.

Como já aconteceu nas eleições de 2000 e 2004, os maiores índices de prefeitos que conseguem a reeleição são sempre registrados nas regiões Nordeste e Norte. No Ceará, 75% dos prefeitos que buscaram a recondução irão para o segundo mandato. Na Paraíba, 74,3% tiveram sucesso. No Acre, foram 73,3%. Na eleição de 2004, Acre, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro estiveram entre os três índices mais altos. Em 2000 foram Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.

O Mato Grosso foi o único Estado do país em que o índice de prefeitos candidatos que foram reeleitos ficou abaixo de 50%. Dos 81 postulantes, 40 conseguiram novo mandato. Mas esta exceção pode acabar no segundo turno, já que o prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) disputa a rodada final contra Mauro Mendes (PR), tendo obtido larga vantagem no primeiro turno. A segunda menor margem de reeleição foi registrada no Amazonas, com 51,6% do total.

Minas Gerais e São Paulo, os Estados que concentram a maior parte dos municípios brasileiros, foram campeões da reeleição. Em São Paulo, 284 dos 392 prefeitos candidatos obtiveram a vitória, o que corresponde a 72,4%. Em Minas, a vitória ocorreu para 388 dos 566 prefeitos candidatos, ou 68,6%.

O índice de reeleitos pesou mais entre os 382 prefeitos eleitos pelo PR. Deste total, 181 cumprirão um novo mandato, o que significa 47,4%, sete pontos percentuais a mais do que o índice de reeleitos em relação ao total nacional.

No PMDB, a porcentagem dos prefeitos da sigla que são reeleitos é de 44,6%. São pemedebistas 23,7% dos prefeitos reeleitos em todo o país, enquanto a porcentagem de prefeitos sobre o total nacional, independente de reeleição ou não, é de 21,4%. No PT, o peso dos prefeitos reeleitos é menor. Dos 548 municípios obtidos no primeiro turno, 208, ou 37,9%, serão governados por prefeitos em segundo mandato, abaixo da média nacional. No PSDB, 41,4% do total de 780 prefeitos tucanos eleitos no domingo cumprirão o segundo mandato. Entre os prefeitos do DEM, a porcentagem é 38%.

O levantamento da CNM mostra ainda que permanece em ascensão o número de mulheres eleitas prefeitas, mas houve uma forte diminuição do crescimento. No último domingo, 505 mulheres foram vencedoras, o que corresponde a 9,2 % dos eleitos. Em 2004, o percentual de mulheres prefeitas foi de 8,1% e em 2000, de 5,1%. Entre 1982 e 1996, o número de mulheres prefeitas praticamente duplicava a cada eleição: eram apenas 83 em 1982, passando para 107 em 1988, 171 em 1992 e 302 em 1996.

O levantamento da CMN mostra que a maior presença feminina entre o total dos prefeitos ocorre em Alagoas, com 19,8% do total dos municípios governado por mulheres. Curiosamente, o machismo foi um tema da eleição em Maceió, a capital do Estado, onde a candidata tucana Solange Jurema (PSDB) procurou explorar contra o prefeito Cícero Almeida (PP) o fato deste ser o autor de uma música chamada "Locadora de Mulher". Cícero foi reeleito com a maior votação proporcional entre as capitais no Brasil.

O Rio Grande do Sul é o Estado com a menor proporção de mulheres reeleitas. Apenas 4,6% do total de municípios gaúchos terão uma administração feminina, o que é a metade da média nacional. (CF)