Título: Europa e EUA revisam para baixo as expectativas de lucro das empresas
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Fonte: Valor Econômico, 10/10/2008, Internacional, p. A11

Os lucros das empresas na Europa e nos Estados Unidos este ano estão sendo revisados de novo para baixo por analistas, em meio a dramática crise financeira. A queda pode ser de 30% a 50% na Europa e de 30% nos EUA, pelas estimativas do chefe de pesquisas do banco francês Société Générale, Fabrice Thenevau. Alguns analistas prevêem alta de lucros no ano que vem.

A descida aos infernos das bolsas tem massacrado as ações dos mais diversos setores, inclusive de empresas sólidas, como Boeing, ArcelorMittal, Google e outras. Alcoa e General Motors lideram as quedas nas bolsas americanas.

Analistas exemplificam que a capitalização das empresas de mineração também não tem relação com sua capacidade de gerar lucros. As cotações das empresas do setor afundam na Bolsa de Londres. A situação pode piorar se a China também desacelerar sua expansão econômica.

Os chineses são responsáveis por quase todo o crescimento da demanda global de alumínio, de 80% da demanda de minério de ferro, cerca de 75% da de aço, mais de 60% da de cobre e de 40% do níquel. A crise pega as empresas de mineração num momento delicado, porque precisam de créditos de bilhões de dólares para explorar novas minas.

De acordo com estimativas do UBS, citadas pelo jornal francês "Les Echos", somente os projetos de mineração em andamento na Austrália custam US$ 48 bilhões. Desse total, US$ 27 bilhões já foram gastos. Resta encontrar agora US$ 21 bilhões para completar os projetos, num ambiente global de aperto de crédito.

Enquanto as companhias constatam o estrago, os bancos calculam que os planos de socorro vão em todo caso forçá-los a aumentar a proporção de fundos próprios. Para analistas, se os bancos europeus tiverem a ajuda que foi dada pelo Reino Unido a suas instituições, isso significará que vão precisar levantar pelo menos 130 bilhões de euros para elevar a pelo menos 11% seus fundos próprios.(AM)