Título: Banco Central gastou entre R$ 3 bi e R$ 3,5 bi das reservas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2008, Finanças, p. C4

A alta do dólar obrigou o Banco Central a gastar entre US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões das reservas internacionais na semana passada para segurar a desvalorização do real. A informação foi dada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), em entrevista ao canal de televisão "Bloomberg", em Washington.

Na última quarta-feira (8), o dólar chegou a R$ 2,45 e obrigou o BC a queimar parte das reservas internacionais para acalmar o mercado. Pela primeira vez, desde o dia 13 de fevereiro de 2003, o BC realizou um leilão em que vendeu parte do dinheiro que tinha em caixa.

A moeda brasileira estava supervalorizada frente ao dólar antes da crise do crédito internacional, e certo grau de depreciação é "bem- vindo", disse Mantega. "Tudo que subir no dólar será lucro, uma vantagem para as empresas brasileiras."

Mantega disse que as autoridades não fixaram "qualquer limite"´ para o uso das reservas internacionais para evitar que o real "passe dos limites". Ele prevê que o real vai se valorizar novamente com o abrandamento da crise mundial do crédito.

Nos leilões anteriores, o BC vendia a moeda com um compromisso de recompra. Na prática, isso funcionava como um empréstimo e não afetava as reservas. Somente naquele dia, foram realizados três leilões. Também foram realizados leilões desse tipo nos dois dias seguintes. Os valores gastos não foram divulgados pelo BC.

Segundo dados do BC, na última sexta-feira (10), as reservas estavam em US$ 204,88 bilhões. Esse foi o dia de impacto da primeira intervenção do BC. Na véspera (dia 9), as reservas estavam em US$ 206,33. Houve uma redução de US$ 1,45 bilhão. Parte dessa queda se deve à venda de reservas, mas o BC não informa o quanto.

Na última terça-feira (6), as reservas chegaram a US$ 208,4 bilhões, maior valor verificado neste mês, mas recuaram nos dois dias seguintes devido a fatores como a desvalorização dos ativos nos quais as reservas estavam aplicadas.

Mantega disse ainda em uma conferência a investidores em Washington, que o Banco Central agiu rapidamente para prover liquidez a bancos de pequeno e médio portes que sofrem com a crise global de crédito, evitando problemas maiores no setor.

Ele acrescentou que os bancos no Brasil têm carteiras sólidas e não estão enfrentando problemas de solvência. "Mas se você pisa no tubo de oxigênio e reduz a liquidez, você pode ter problema se não agir rápido", afirmou a jornalistas presentes ao evento