Título: Fundo promete socorrer emergentes
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2008, Finanças, p. C5

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, voltou a declarar ontem que o Fundo pretende ajudar países emergentes afetados pela crise financeira internacional. O Fundo confirmou esta semana que disponibilizou aos países-membros suas reservas de quase US$ 250 bilhões para responder à crise financeira.

Falando na Assembléia Anual do FMI e do Banco Mundial, o Strauss-Kahn disse que as economias emergentes têm diferentes graus de liberdade de atuação.

Disse também que alguns países poderão utilizar reservas para financiar uma queda temporária e repentina nos fluxos de capitais, e outros, explicou, deverão aumentar as taxas de juros em linha com o aumento nas gratificações de risco para frear, assim, a saída de fluxos e reforçar a confiança em suas divisas.

O diretor-gerente do Fundo ressaltou que as nações em vias de desenvolvimento já sofrem os efeitos de menores exportações e um acesso reduzido ao crédito comercial. Isso, disse, se soma aos altos preços dos combustíveis e dos alimentos, que exercem pressão nos orçamentos e as balanças de pagamentos e aumentaram a inflação e os custos de vida.

Quanto às economias avançadas, Strauss-Kahn que os governos que puderem deveriam considerar planos de estímulo para enfrentar a crise financeira mundial. "A ação nos mercados financeiros é essencial, mas não é suficiente", disse. "Precisamos utilizar todos os instrumentos da política macroeconômica moderna para limitar o dano sobre a economia real".

Para as economias avançadas, isso implica utilizar a política fiscal quando puderem, argumentou o diretor-gerente do Fundo. O uso mais óbvio da política fiscal é precisamente aliviar as pressões onde são maiores: no setor financeiro e no de habitação. Porém, os governos que puderem deveriam se preparar para abordar um pacote mais amplo de estímulo fiscal.

As declarações foram feitas após negociações em Washington, durante as quais os membros do Grupo dos Sete (G7, sete nações mais industrializadas) se comprometeram a utilizar todas as ferramentas necessárias para impedir a falência de grandes bancos.

Os integrantes do grupo também assegurarão que os programas de garantias de depósitos bancários sejam sólidos, tomarão medidas para que os bancos se recapitalizem com fundos públicos e privados, e atuarão para que o crédito volte a fluir e os mercados monetários funcionem.

Além disso, os 15 primeiros-ministros e presidentes da zona do euro aprovaram no domingo um plano que inclui garantias estatais para dívida a curto e médio prazo dos bancos, assim como injeções públicas de capital nas entidades.

Strauss-Kahn reconheceu que o mundo vive "a crise financeira mais perigosa desde a Grande Depressão" dos anos 1930, mas, mesmo assim, disse crer que as conseqüências econômicas não serão similares, já que os países estão atuando de forma conjunta e "com criatividade".