Título: ANP defende aumento da exploração de petróleo e gás em terra no Brasil
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 15/10/2008, Brasil, p. A2

A direção da Agência Nacional do Petróleo (ANP) defendeu ontem o aumento da exploração de petróleo e gás em terra no Brasil na primeira audiência pública da 10ª Rodada de Licitações, marcada para os dias 18 e 19 de dezembro, no Rio. Nelson Narciso, diretor da ANP, disse que "é a hora e a vez das fronteiras terrestres" que vão "garantir mais escala para a exploração em terra, de modo a diversificar a logística e atrair mais players para o setor". Silvia Costanti/Valor Haroldo Lima: "Não podemos fazer outra rodada sem saber os limites do pré-sal"

Sobre a falta de oferta de blocos no mar, mesmo que em águas rasas distantes da faixa pré-sal, que fica em águas ultraprofundas, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, explicou que os limites do pré-sal ainda são imprecisos, com indicações de que a área pode ser menor que os 160 mil quilômetros quadrados anteriormente previstos. "Fatos mais recentes indicam que a área é de 122 mil quilômetros quadrados. Parece que diminuiu. E não podemos fazer uma rodada com algumas coisas assim, imprecisas, sem saber o limite do pré-sal com águas profundas e águas rasas", disse Lima.

O diretor da ANP, que é membro da comissão encarregada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de propor alternativas para a exploração do pré-sal, disse que a comissão interministerial pretende levar "uma idéia básica" ao presidente após o segundo turno das eleições. "Ele (o presidente Lula) não quer cinco propostas, ele quer uma sugestão. O sentido geral (das discussões até agora) foi seguir as diretrizes traçadas pelo presidente. Ele disse que do pré-sal devemos tirar recursos para acabar a pobreza no Brasil e cumprir uma dívida histórica com os brasileiros, que é dar uma péssima educação. Isso significa que queremos ter acesso especial a esse petróleo e que (queremos que ) os recursos desse petróleo venham de forma factível, fácil, que não entrem por veredas e formas complexas que impeçam o governo de fazer políticas públicas em torno dele", explicou Lima.

Quanto à 10ª Rodada, a oferta de áreas em terra pode desanimar grandes empresas apesar da presença, ontem, de executivos de companhias de maior porte como a Chevron, Exxon, Norse e BG na audiência pública. O próprio Lima admite essa possibilidade, mas acha que se as grandes não participarem, vão perder. "Se imagina que por serem blocos terrestres vai haver uma participação maior de empresas brasileiras de porte médio e grande. Mas a retaguarda terrestre (do Brasil) é muito grande e desconhecida. E no mundo o petróleo sempre existiu em terra. É coisa recente essa coisa de petróleo no mar, no Mar do Norte, no Golfo do México e no Brasil. O resto (do petróleo) é no Oriente Médio, Rússia e Estados Unidos, em terra", pondera Lima. "O que não podemos admitir é que o território brasileiro terrestre não tem petróleo. Tem. Só não descobrimos ainda."

Presente à audiência pública, o presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás, Wagner Freire, avalia que a ANP está oferecendo na 10ª Rodada algumas áreas de alto risco exploratório sem, contudo, resolver a 8ª Rodada, paralisada em 2006. O executivo cobrou uma solução para as ofertas feitas antes da paralisação do leilão.

Na segunda-feira a Petrobras comunicou à ANP descobertas de petróleo nos blocos BM-S-12 (bacia de Santos) BC-60, que abriga o chamado Parque das Baleias, incluindo Jubarte, e no bloco ES-T-418.