Título: Dólar deve ficar entre R$ 1,80 e R$ 2, prevê ministro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2008, Brasil, p. A4

A enorme variação do mercado de câmbio deve se reduzir com as intervenções do Banco Central, e a cotação do dólar deve se estabilizar entre R$ 1,80 e R$ 2,00, previu o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Esse patamar é o adequado para tornar competitivas as exportações brasileiras, avalia o ministro, que ressalvou ser difícil fazer previsões sobre o mercado por enquanto.

"Tudo isso é bola de cristal", afirmou. Disse que está mantida a meta de exportações para este ano - US$ 202 bilhões - e afirmou ser cedo para prever como será o resultado em 2009.

"Acredito que a nova meta para as exportações deva se manter, porque uma grande parte desses contratos já foram fechados e estão sendo entregues, estamos entregando produtos de contratos anteriores", comentou o ministro, ao explicar seu otimismo em relação às exportações deste ano. Ele admitiu estar preocupado, porém, com a incerteza no mercado exportador.

"Tem comportamento da moeda muito errático, ninguém faz negócio numa situação como essa, todo mundo espera para ver em que patamar as moedas ficarão. É cedo para avaliação mais precisa", disse o ministro.

O mundo vive uma situação "absolutamente irracional", comentou Miguel Jorge. "Ninguém sabe o que fazer, nem o importador, nem o exportador, nem as empresas voltadas ao mercado interno", desabafou. A meta de US$ 202 bilhões em 2008 representa um aumento de quase 26% em relação ao total de exportações do ano passado e foi fixada em setembro, como resultado da segunda revisão das previsões do ministério neste ano. Em 2007, a meta para este ano havia sido fixada em US$ 172 bilhões.

A meta atual, estipulada devido ao excelente desempenho das exportações até setembro, foi feita com a cotação do dólar num "patamar bem inferior", abaixo de R$ 1,70, lembrou Miguel Jorge. "Mas também não havia também a redução do crescimento na Europa e Estados Unidos", alertou, como justificativa para a dificuldade em prever os resultados para 2009. "A vantagem que temos é diversificação de mercado", comentou.

"Não adianta nada ter taxa mais competitiva se há mercados com problemas, uma coisa anula a outra. Esperamos que essa recessão não seja uma coisa tão profunda quanto estão dizendo, principalmente nos mercados europeu e americano", afirmou o ministro do Desenvolvimento. (SL)