Título: G-8 convoca reunião com emergentes
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Fonte: Valor Econômico, 16/10/2008, Finanças, p. C9

O grupo dos países industrializados do mundo mais a Rússia, o G-8, decidiu convocar um encontro com outros países - em especial as nações emergentes - para discutir uma reforma no setor financeiro global, de modo a superar a atual crise financeira global e evitar que ela se repita no futuro. A reunião pode sair até o fim do ano.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, foi a primeira a defender a participação dos emergentes no encontro. O grupo também acertou a retomada das discussões em torno de um acordo de liberalização do comércio mundial, paralisadas em julho.

A reunião foi convocada após apelo do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, por uma reforma no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Falando em Bruxelas, ontem, pouco antes da abertura do encontro de cúpula europeu, Brown afirmou que o objetivo das mudanças propostas por ele é favorecer a regulação do sistema financeiro internacional.

O primeiro-ministro britânico quer a criação de um sistema de alerta para a economia internacional e maior supervisão sobre as companhias financeiras multinacionais.

"Precisamos lidar com as crises, à medida que surgirem, de maneira melhor e mais coordenada", disse Brown. "O FMI precisa ser reformado para se adaptar às necessidades do mundo moderno."

No encontro de cúpula, iniciado ontem, a União Européia deve estender a todos seus 27 países membros o plano de ajuda financeira adotado no domingo passado, em Paris, pelos países que utilizam o euro como moeda oficial.

A Comissão Européia, órgão Executivo da União Européia, propôs nesta quarta-feira ampliar para 100 mil euros a garantia mínima para os depósitos em contas bancárias privadas no caso de falência de um banco do bloco, em uma iniciativa para melhorar a confiança dos cidadãos no sistema financeiro, diante do recrudescimento da crise.

Esse limite já havia sido ampliado de 20 mil euros para 50 mil euros na semana passada e algumas das maiores economias européias - França, Alemanha, Itália e Espanha- chegaram a anunciar, por conta própria, garantias ainda mais generosas. A ação isolada desses países para fortalecer seus próprios sistemas financeiros acabou por preocupar os países menores, devido aos custos envolvidos em tais garantias.

O primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsany, pediu mais apoio do bloco para nações individuais. A Hungria é um dos países da União Européia mais afetados pela crise.

"A estratégia atual é deixar cada nação aplicar seus próprios instrumentos, mas nós precisamos de mais ações conjuntas", disse Gyurcsany. "Nós precisamos de um órgão de supervisão dentro da União Européia."