Título: Euro derruba bolsas
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Fonte: Correio Braziliense, 06/02/2010, Economia, p. 17

Sérios problemas nas contas públicas de alguns países começam a influenciar negativamente todo o bloco europeu

As bolsas de valores tiveram, na sexta-feira, o segundo dia consecutivo de queda generalizada (veja quadro) em todo o mundo por causa de problemas nas contas públicas da Espanha, de Portugal e da Grécia, especialmente. A fragilidade desse países começou a ser transferida para o euro, provocando insegurança no mercado e atitudes monetárias mais fortes e inesperadas, como a da Suíça.

Ontem pela manhã, os investidores internacionais colocaram o euro na mínima em 15 meses ante o franco suíço, em meio a uma busca por ativos mais seguros. A iniciativa forçou o Banco Central da Suíça a intervir, comprando euros. A intervenção forçou a moeda europeia a saltar para a máxima do dia a 1,4905 franco suíço, ante 1,47 no pregão asiático. Antes, a mínima em 15 meses era de 1,4551. Em março de 2009, o BC suíço lançou uma série de medidas pouco convencionais para combater a pior recessão econômica em décadas, mas intervenções diretas, sem intermediários, como a de ontem, são políticas raras.

Ainda ontem, a União Europeia aprovou, sob condições, o plano fiscal de três anos da Grécia para reduzir seu elevado deficit fiscal, mas os mercados foram abatidos mesmo assim. O primeiro-ministro da Grécia tentou acalmar os temores dos investidores nesta sexta-feira em relação à capacidade de pagamento de seu governo, depois de temores sobre a dívida de países da zona do euro abaterem os mercados e provocarem uma rara resposta direta do banco central suíço.

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, procurou acalmar os temores dos investidores sobre o deficit de seu país, dizendo que Atenas está implementando mudanças tributárias e absorvendo recursos significativos para preservar a União Europeia. ¿Eu consigo entender as dúvidas, mas é por isso que temos que nos provar. Iremos aplicar de forma crível esse programa¿, disse Papandreou durante visita à Índia. A Grécia tem a maior dívida da zona do euro, que deve atingir 120% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. A dívida de Portugal deve alcançar 84,5% do PIB e a da Espanha, 66,3%, abaixo da média da zona do euro. O problema é que a dívida desses dois últimos países está aumentando rapidamente.