Título: Relator diz que Orçamento terá que contemplar cortes no custeio
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2008, Política, p. A7

Após discutir impactos da crise financeira no país com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), relator da proposta orçamentária da União para 2009, confirmou a necessidade de realizar cortes no custeio da máquina, com base na revisão dos índices que servem de parâmetros para o orçamento - inflação, crescimento, dólar, preço do petróleo, Produto Interno Bruto (PIB), juros, etc. Essa revisão será apresentada pelo governo em final de outubro. José Cruz/ABr Delcídio: "Temos que preservar os investimentos que é o que leva o país para frente"

"O momento é de austeridade. Não vamos inventar moda senão vamos quebrar a cara", afirmou Delcídio. "Vamos ter que sacrificar o custeio. Não tenho dúvida nenhuma. Temos de procurar preservar os investimentos, que é o que leva o país para frente", completou o senador petista.

Segundo ele, o relatório preliminar que apresentará na próxima terça-feira já conterá as "vacinas necessárias" à adequação do Orçamento.

"O que ele (Meirelles) recomendou é prudência, cautela, porque o momento é delicado e exige, mais do que nunca, uma proposta orçamentária que tenha condições de refletir a realidade que o Brasil venha enfrentar", disse o petista.

Delcídio quis saber a previsão para a duração da crise. Meirelles respondeu citando previsões de analistas: os mais otimistas - disse - acham que será oito meses, mas há os que falam em 18. O presidente do BC citou como um complicador para a solução rápida do problema financeiro globalizado o fato de os Estados Unidos - "epicentro da crise" - estarem passando por um processo de sucessão presidencial.

Delcídio confirmou a intenção de preservar, na proposta orçamentária, os gastos previstos com o salário mínimo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os programas sociais. Segundo ele, não está descartado o corte das emendas parlamentares. "É uma das alternativas que estão postas."

Delcídio afirmou que o Congresso cumprirá o cronograma de tramitação do projeto, para que seja aprovado antes de 2009. Ele criticou a criação de novos cargos e disse que o momento é de "tirar o pé do acelerador". É, segundo ele, momento de contenção de gastos. "A gente não sabe o que vem. E vai vir. O Brasil não vive numa redoma de vidro. Vamos ter conseqüência. Qualquer gasto a mais é melhor adiar", afirmou..