Título: Petrobras vai manter investimento no pré-sal
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2008, Empresas, p. B9

Confirmado o adiamento do plano de negócios da Petrobras para 2009-2013, o presidente da companhia, José Sergio Gabrielli, negou taxativamente que se esteja analisando adiar investimentos no pré-sal. Informações sobre uma suposta decisão de retirar o pré-sal do plano de investimentos em função da crise internacional circularam na semana passada, mas Gabrielli disse que elas "não procedem em hipótese alguma". No comunicado ao mercado divulgado na noite de sexta-feira, a Petrobras informou que o adiamento foi provocada pela "necessidade de concluir as análises dos projetos, frente às novas condições conjunturais". O novo plano deve ser divulgado em dezembro.

Entre os fatores que reforçam a intenção de continuar os planos de investimento para produzir petróleo em grandes volumes no pré-sal está a decisão da companhia de contratar 10 novas plataformas de produção e armazenamento (do tipo FPSO) para a bacia de Santos. Juntas elas terão capacidade de produzir 1,160 milhão de barris de petróleo e 50 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

Duas dessas unidades serão alugadas e terão capacidade de produzir 100 mil barris/dia cada uma para serem instaladas em 2013 e 2014. Outras oito plataformas, com capacidade de 120 mil barris/dia cada, serão construídas pela Petrobras no Rio Grande do Sul. Ainda não há decisão sobre os campos onde serão instaladas, o que está previsto para 2015 e 2016.

O impulso no pré-sal significa mais produção de petróleo, além do atual consumo nacional, o que força uma decisão sobre o destino desse "excedente" que estima-se poderá somar 1,7 milhão de barris em 2016.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já determinou que o Brasil não será exportador líquido de petróleo. Por isso é improvável que a Petrobras coloque um freio em todas as novas refinarias, como prevêem analistas que, a partir da atual crise, começaram a refazer cálculos tentando antecipar que investimentos podem ser atrasados ou adiados. Pode faltar crédito e a empresa terá que investir usando seu fluxo de caixa.

As maiores apostas são de adiamento dos bilionários projetos de refino. A Petrobras já anunciou a decisão de construir mais duas novas refinarias premium no Nordeste - Maranhão e Ceará, com investimento previsto de US$ 30 bilhões - que se somariam ao complexo petroquímico do Rio (Comperj) e à refinaria de Pernambuco. Um analista de um grande banco de investimentos aposta em cancelamento das premium por causa do alto culto de investimento e baixa margem de retorno.

O Credit Suisse já está revisando para baixo a previsão de investimentos da Petrobras entre 2009-2013. O cálculo inicial era de investimentos de US$ 163 bilhões no período - contra US$ 112,4 bilhões no plano atual, até 2012 - mas agora a avaliação é de que esse valores não serão factíveis no atual cenário, podendo cair para US$ 150 bilhões ou até US$ 134 bilhões se as refinarias foram canceladas ou adiadas.