Título: Fed sugere nova rodada de aportes do governo
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Fonte: Valor Econômico, 21/10/2008, Finanças, p. C3

O chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, afirmou ao Congresso dos Estados Unidos nesta segunda-feira que um nova onda de gastos governamentais pode ser necessária à medida que a economia atravessa o que pode ser um longo período de baixo crescimento. Joshua Roberts / Bloomberg News Bernanke: "pacote fiscal no Congresso nesta conjuntura parece apropriado"

"Com a provável fraqueza da economia por diversos trimestres, e com alguns riscos de uma desaceleração prolongada, considerar um pacote fiscal no Congresso nesta conjuntura parece apropriado", afirmou Bernanke no Congresso.

Esta foi a primeira vez que o chairman do banco central dos EUA apoiou explicitamente um segundo pacote de estímulo. O governo enviou aproximadamente US$ 100 bilhões de dólares em restituições de impostos no meio do ano para tentar impulsionar a economia, mas os gastos dos consumidores tem se enfraquecido desde então. As vendas no varejo caíram por três meses consecutivos até setembro.

"Uma das coisas mais significativas é o apoio dele a mais um pacote fiscal, o que eu acredito que faz bastante sentido", afirmou Nigel Gault, diretor de pesquisas econômicas da Global Insight. "O governo está atuando como suporte ao sistema financeiro, mas também terá que dar suporte à economia real, quase como um gastador de última instância, pois os gastos do setor privado estão caindo fortemente".

Por muitos meses, os democratas no Congresso têm pressionado por uma medida de estímulo econômico que pode chegar a dezenas de bilhões de dólares para projetos de construções imobiliárias, reformas de rodovias, pontes e outros projetos de infra-estrutura enquanto, ao mesmo tempo, cria empregos e investimentos locais.

Os democratas também querem mais ajuda aos pobres atingidos pela desaceleração econômica. Eles ainda querem ampliar os gastos federais para ajudar os Estados a pagar os crescentes custos de saúde para os pobres.

Parte destas idéias foram oferecidas pelos democratas durante a negociação do primeiro pacote de estimulo econômico aprovado anteriormente, mas elas foram rejeitadas pelo governo George W. Bush.

As declarações de Bernanke provocaram redução das pressões sobre os mercados financeiros. Os resultados da Halliburton, melhores que os esperados, também contribuíram para recuperação do mercado acionário americano.

O índice de volatilidade da Chicago Board Options Exchange, conhecido como o medidor do medo em Wall Street, caiu 11,1%, embora a 62,56 pontos ele continue indicando uma agonia intensa. Na semana passada, o índice rompeu a barreira dos 80 pontos pela primeira vez em seus 18 anos de existência.

A Oppenheimer melhorou a classificação de várias ações de energia, incluindo das a Exxon Mobil e Chevron, que subiram 5,1% para US$ 71,48, e 6% para US$ 66,11, respectivamente. O setor também recebeu um empurrão dos preços do petróleo, que subiram para mais de US$ 74 o barril.

Pelo menos 139 companhias que fazem parte do índice S&P 500 divulgam esta semana seus resultados para o terceiro trimestre. O JP Morgan disse que até na semana passada as atenções dos investidores "pareciam mudar para a percepção de que a economia está diminuindo de ritmo... Estamos às vésperas da safra de balanços. E nesse front, as notícias não estão muito animadoras."

O banco disse que, até agora, os lucros do terceiro trimestre caíram 35,4% em relação ao mesmo período do ano passado, embora tenham aumentado 10,5% quando excluídos os resultados as instituições financeiras.

O setor financeiro é o único a não estar em território positivo, recuando 0,1% no geral, muito embora os mercados financeiros - que demonstraram níveis históricos de tensão ao longo do último mês - venham dando mais sinais de alívio.