Título: Comandados por Dilma, ministros vão a Porto Alegre dar apoio a petista
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2008, Política, p. A8

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem em Porto Alegre que "diferentemente" das crises financeiras internacionais anteriores, desta vez o governo brasileiro está "sólido" e por isso o país não quebrou. "Hoje temos condições de atuar de forma muito decisiva para minimizar os efeitos da crise no Brasil, principalmente no que se refere ao crédito", afirmou.

Dilma fez a afirmação pouco antes de participar do comício final da candidata do PT à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, que enfrenta o prefeito José Fogaça (PMDB) no segundo turno da eleição na cidade. A petista tenta reverter a desvantagem nas pesquisas de intenção de voto divulgadas no fim de semana, onde aparece com 13 a 17,5 pontos percentuais atrás do pemedebista que tenta a reeleição.

"Eu e Maria do Rosário defendemos as mesmas prioridades e o mesmo projeto de transformação", afirmou a ministra, que dividiu o palanque com os colegas Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Edson Santos (Igualdade Racial). O ministro da Justiça, Tarso Genro, era esperado no comício, mas não compareceu segundo a assessoria do PT, devido a problemas de agenda.

"Acredito que, por essa identificação, a Maria do Rosário dará para Porto Alegre as mesmas prioridades que nós (governo federal) estamos dando ao Brasil", comentou Dilma, citando as áreas de saneamento, habitação e mobilidade urbana. "Na minha opinião, sem fazer menos de ninguém, ela é a pessoa que tem todas as condições para dirigir Porto Alegre".

A ausência mais sentida durante a campanha da petista foi a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, para evitar conflitos com o PMDB, preferiu não visitar a cidade nem gravar depoimentos específicos de apoio para o programa eleitoral da candidata. A situação obrigou expoentes do partido, como o senador gaúcho Paulo Paim, a explicar ontem o que aparentemente seria óbvio. "Todos que estamos aqui faremos esse papel de deixar bem claro para a população que a Maria do Rosário é a candidata do presidente Lula".

Dilma afirmou que o governo federal está adotando "todas as medidas possíveis" para restabelecer o fluxo de crédito na economia. Segundo ela, serão adotadas medidas "pontuais" para socorrer os setores afetados pela crise e a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES, "que hoje é um banco tipicamente anticíclico", tenham participação "bastante significativa" na liberação de linhas especiais "onde se detectar que há problema".

"Já liberamos o (empréstimo) compulsório para o crédito agrícola e estamos fazendo uma linha de financiamento para a construção civil", lembrou a ministra. De acordo com ela, o país tem recursos e reservas para enfrentar as dificuldades do setor exportador e as limitações de crédito no mercado interno.

Dilma ainda reforçou o discurso do presidente Lula, que tem garantido a manutenção dos investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O PAC está andando em ritmo de cruzeiro e não vai haver redução de investimento", afirmou a ministra. Ela disse que "estranhou muito" a notícia publicada ontem pelo jornal "Folha de S. Paulo" sobre a ameaça de atraso de obras que fazem parte do programa em função da escassez de crédito. "Não sabemos a sua origem (da notícia)", declarou.