Título: Aumenta a dívida externa de curto prazo
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2008, Finanças, p. C2

As reservas internacionais equivalem a quase três vezes os compromissos da dívida externa que vencem nos próximos três anos, segundo mostram estatísticas divulgadas ontem pelo Banco Central (BC).

Mas são menores que a soma dos ativos mantidos por estrangeiros no Brasil, como investimentos no mercado de ações e em renda fixa.

Nos seus cálculos, o Banco Central usa a posição de reserva de setembro, quando estavam em US$ 206,494 bilhões, de acordo com o conceito de liquidez internacional.

Os compromissos da dívida externa brasileira nos próximos 12 meses somavam US$ 70,639 bilhões em setembro, alta em relação aos US$ 64,328 bilhões de junho.

Essa é a chamada dívida de curto prazo por vencimento residual, que inclui a própria dívida de curto prazo, com vencimento em até um ano, e a parcela da dívida de longo prazo que vence em 12 meses.

Essa dívida cresceu porque as empresas passaram a captar mais recursos no curto prazo, em virtude da crise internacional. A dívida de curto prazo subiu de US$ 41,276 bilhões para US$ 47,591 bilhões entre julho e setembro passados.

Outro compromisso que o país é obrigado a financiar com capitais estrangeiros é o déficit em conta corrente.

A expectativa do Banco Central é que, nos três últimos meses de 2008, o déficit fique em US$ 5,5 bilhões. O déficit esperado para 2009 é de US$ 33,1 bilhões. Mas esses números tendem a serem reduzidos, em virtude da depreciação cambial e da perspectiva de menor crescimento da economia em 2009.

Além das dívidas e do déficit em conta corrente, o mercado de câmbio vem sendo pressionado nas últimas semanas também pela retirada de investimentos estrangeiros feitos no país em ações e em títulos da dívida pública.

Pelo dado mais atual, o estoque de investimentos estrangeiros em bolsas dentro do país era de US$ 154,758 bilhões em março. Mas, de lá para cá, esse valor diminui, em virtude da retirada de recursos, da queda das bolsas e da desvalorização do real.

Os investidores retiraram do país US$ 6,236 bilhões de julho até o dia 23 de outubro. A Bovespa teve uma queda de 44,5% desde março, e o real sofreu uma desvalorização de 24,4%.

Outro estoque relevante de investimentos estrangeiros são as aplicações em títulos da dívida pública, que em julho somavam US$ 65 bilhões, segundo dados do Tesouro.

A exemplo das ações, esses investimentos perderam valor, em virtude da alta dos juros dos títulos públicos e da depreciação da moeda nacional.