Título: BB pede mais prazo para linhas à exportação
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2008, Finanças, p. C1

O Banco Central deveria ampliar o prazo de vencimento de 180 dias para 360 dias das linhas de comércio exterior que vier a oferecer em leilões no mercado internacional, segundo sugere o diretor de comércio exterior do Banco do Brasil, Nilo Panazzolo. De acordo com ele, muitos exportadores não têm mais performance de exportação para entregar em linhas de curto prazo, pois vieram de um período de quase cinco anos de sobra de crédito à exportação que agora precisa ser quitado com a performance dos próximos seis meses. No mercado, as parcas linhas disponíveis são em sua maioria de três meses.

Panazzolo lembra que em 2007 o câmbio fechado para exportação ultrapassou em US$ 30 bilhões as exportações efetivas. Neste ano, no acumulado até setembro, os exportadores anteciparam US$ 3 bilhões em fechamento de câmbio.

Segundo Panazzolo, as medidas que o BC vem adotando têm contribuído para aliviar a forte contração do crédito, mas o alongamento de prazos nas linhas de comércio exterior oferecidas pela autoridade monetária ajudaria ainda mais. No primeiro leilão dentro da nova modalidade, no dia 20, foi vendido um total de US$ 1,62 bilhão em linhas de 180 dias, a maior parte para o BB. As garantias usadas foram os títulos da dívida externa brasileira, os "Global Bonds".

As linhas tomadas no leilão pelo BB serão repassadas aos exportadores em sua totalidade em prazos inferiores ao máximo permitido pelo BC, de 30 dias, acredita Panazzolo. O mercado espera que, passados os 30 dias, o BC realize um leilão novo que aceite como garantias as carteiras de crédito à exportação de prazo de vencimento em até um ano - os Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACCs, pré-embarque) e Adiantamentos sobre Cambiais Entregues (ACEs, pós-embarque).

Segundo Panazzolo, a demanda por crédito está forte e o banco tem priorizado as empresas que já são suas clientes. "Procuramos dar uma especial atenção às empresas pequenas e médias, mas sempre respeitando nossos acionistas e a governança corporativa", frisou o executivo. "Temos sido muito assediados em busca de crédito", disse.

Em setembro, o volume de ACC e ACE repassado pelo banco foi de US$ 1,4 bilhão, o dobro do mesmo mês de 2007. Panazzolo espera que, por causa das linhas em moeda estrangeira ofertadas pelo Banco Central, esse repasse chegue a US$ 1,5 bilhão em outubro, na comparação com o US$ 1,3 bilhão do mesmo mês do ano passado. Dada a escassez de linhas, o BB pode até ganhar participação no mercado, que fica em geral nos níveis de 25% a 30%. "Sabemos da importância do BB neste momento e acho que podemos ajudar a inundar o mercado de crédito", afirmou.

Segundo ele, até mesmo bancos internacionais que antes eram doares de recursos ao BB agora se tornaram tomadores. "É um reconhecimento inconteste de nossa credibilidade", afirma. De acordo com Panazzolo, o total de recursos de empresas brasileiras depositado em contas do BB no exterior duplicou do início de setembro até agora. "Nossas captações estão crescendo de forma determinante", disse. As empresas estão procurando a segurança do BB e deixando outros bancos que consideram de maior risco.

Segundo ele, também cresceram os desembolsos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) do governo federal, do qual o BB é agente financeiro. O crescimento foi de 9% de abril de 2007 a abril de 2008 na comparação com o mesmo período do ano passado. No terceiro trimestre, o aumento foi de 61,6% na comparação com o mesmo período de 2007.

Para Panazzolo, também a suspensão da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) dos empréstimos e financiamentos externos ajuda as empresas, pois permite um aumento menor no custo dessas linhas para companhias na crise.