Título: Petrobras espera recuperação do preço do petróleo
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2008, Brasil, p. A4

O diretor da área de Abastecimento e Refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, acha que a queda dos preços do petróleo verificada nos últimos dias não vai se sustentar por muito tempo. "O que vai acontecer com o preço do petróleo daqui para a frente é que ele não vai ficar baixo", disse Costa ao Valor. Na sexta-feira o preço do barril chegou a US$ 60 mesmo depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou corte de 1,5 milhão na produção dos países membros a partir de novembro. Para fundamentar esse ponto de vista, o diretor da Petrobras lembra que há um declínio natural dos reservatórios de petróleo, cuja produção cai 10% ao ano, em média.

Isso significa, continua Costa, que para atender à atual demanda mundial - de 85 milhões de barris por dia de petróleo, sendo que a Opep responde por 43% desse total - é necessário adicionar anualmente cerca de 8,5 milhões de barris/dia à oferta, apenas para atender aos atuais níveis de consumo. "Isso considerando que a demanda ficará estagnada, sem aumentar. Se áreas novas e de fronteira não entrarem (em produção), sem petróleo novo, em um espaço relativamente curto de tempo não se terá condições de atender nem à demanda atual", afirma Costa. "Consequentemente, o preço do petróleo, daqui há pouco, pode disparar", continua o diretor.

A avaliação também tem como premissa que o consumo de petróleo de emergentes como a India e a China vai continuar forte mesmo com a crise mundial.

Adicionalmente, continua Costa, se o preço continuar em US$ 60 ficará inviável explorar petróleo nas areias canadenses e na faixa do Orinoco, na Venezuela . Questionado sobre qual seria o ponto de equilíbrio para o petróleo do pré-sal, o diretor da Petrobras foi enfático. " O nosso pré-sal eu posso te garantir que com US$ 60 dá, e com US$ 50 dá também".

Um recente estudo da consultoria americana Global Political Risk Service (PIRA), ao qual o Valor teve acesso, mostra o ponto de equilíbrio nos preços para que sete países exportadores de petróleo não tenham desequilíbrio orçamentário. Para a Venezuela, o preço de equilíbrio do barril de petróleo foi calculado em US$ 100 (já que ele é vendido com desconto de US$ 15 a US$ 20 em relação ao preço de referência), enquanto para o Irã esse valor é de US$ 90; na Nigéria é de US$ 80, na Argélia, de US$ 60, e no Kuwait, US$ 55, estando Rússia e Arábia Saudita confortáveis com preços até US$ 50.